Tirar partido de Surpresas



Sara Bareilles - The Light

Foi uma estrondosa surpresa o que encontrei nestas férias de Carnaval. Tinha um objectivo modesto. Há anos que não fazia a costa portuguesa entre a Lagoa de Albufeira (Caldas da Rainha) e S. Pedro de Muel (Marinha Grande). Pelo meio queria recordar o sítio da Nazaré e o seu Santuário Mariano. Duas alegrias. Na III República ainda existem “portugais” que tentam resistir à banalização e delapidação.
Começando pela banalidade, não é que na Nazaré as pessoas vivem a quadra espontaneamente, é ver os restaurantes e bares cheios de mascarados sem batuta organizativa! Passando ao estado delapidado a que chegamos é extraordinário que a costa a Norte de Nazaré, entre Légua e a Praia de Vieira, em termos ambientais, tenha sido preservada mas, ao mesmo tempo, devidamente equipada em quase todo o seu percurso. É, inclusive, possível em ciclovias e de forma pedonal percorrê-la na maior parte da sua extensão. Estava com receio, mas S. Pedro de Muel mantém o encanto de sempre.

Este Carnaval teve, também, uma particularidade encantadora. Como a Terça-feira, dita gorda, coincidiu com o dia Internacional da mulher, as homenageadas tiveram a sorte de não serem instrumentalizadas e massacradas como, habitualmente, sucede anualmente a 8 de Março. Graças ao carnaval escaparam a ser tratadas de duas formas humilhantes. Com “cotas” e data “protectora”. A propósito de igualdades e semelhanças, que é um assunto sério, nada como ouvir Sara Bareilles. Não desejam os “humanos” o mesmo das relações humanas independentemente do “género”? Encontrar quem seja fonte de energia para a sua existência e luz que ilumina uma trajectória de vida. Umas vezes ter espaço para respirar, outras a oportunidade de recuperar uma respiração perdida ou, ainda, possibilidade de optimizar novas formas de respiração?




Sara Bareilles - Breathe Again