Dilema desportivo



Figura I
Lista de treinadores da Académica



Nesta final da taça de Portugal senti-me dividido, mas prevalecendo sempre o sentido da memória. Sendo sportinguista a inclinação estava marcada, ainda por cima existe vincada a pressão psicológica de ganhar - tudo o que aparece como "troféu" é bem vindo numa corrida contra o tempo - para contrariar estatísticas favoráveis ao Benfica e ao Porto. Pensando na memória histórica e sentimental da família, que tem fortíssimo peso institucional em mim, a mística da Académica tende a prevalecer nestes momentos.
O irmão do meu avô paterno foi jogador durante nove épocas na Académica (1917/18-1925/26) e uma no Sporting (1926/27). No lendário campeonato de Portugal de (1922/1923), em que ambos os clubes foram finalistas, acumulou as funções de médio, enquanto jogador, com as de treinador. É tido como  o primeiro técnico oficial com estas funções da mítica Briosa (figura I e II). Foi, ainda, capitão no campeonato de (1924/1925). No meio destas actividades, quase totalmente amadoras,  foi arranjando tempo para estudar medicina.


Figura II
Equipa da Académica no final do campeonato nacional de futebol



Figura III
Constituição da Equipa Finalista da Académica


 O resultado foi manifestamente desfavorável para a Académica. O Sporting ganhou por três zero. Com cronologia marcada e profundo interesse para o historial desportivo constitui a fotografia do capitão da Académica Júlio Ribeiro da Costa, a quem Teófilo Esquível (1900/1973) abraça na Figura III, a receber um ramo de flores nessa final (Figura IV). Viria a ser um dirigente do Benfica no final da década de trinta.

Figura IV
Campo de Jogo da Final do Campeonato Nacional (Faro)


No campeonato de (1926/27), no Sporting, fiel ao seu passado vivido na Associação Académica de Coimbra (AAC) - fundada em 1887 e com uma primeira equipa de futebol criada, precisamente, à um século no ano de 1912- recusa-se a jogar contra Ela. No ano seguinte, fora da competição desportiva, começa a dedicar-se inteiramente ao que será o seu exercício profissional futuro. Especializa-se em otorrinolaringologia -reside em França com esse objectivo- sendo um dos pioneiros a introduzir essa especialidade médica em Portugal. Em 1933, no âmbito da Função Pública, concorre a médico escolar (Biblioteca Nacional de Portugal). Participa activamente na formação da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Bronco-Esofagologia tendo sido vogal da sua primeira direcção eleita em 17 de Maio de 1953, para o biénio de  1954-1955. ( Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Bronco-Esofagologia). Faleceu em 1973.