Album Paris (1979), resultante da tourné realizada nesse ano e que teve por base o registo discográfico Even in the Quietest Moments (1977) - Música Fool´s Overture
Os líderes políticos estão esgotados com a campanha eleitoral. As suas vidas consomem-se pela colectividade. Tenho pensado "neles" apoiado em Kwame Anthony Appiah, membro do Centro para os Valores Humanos da Universidade de Princeton.
Encantador o combate ao clientelismo. A independência para com grupos de pressão ou de interesse. A não vinculação a formas de compensação e favorecimento. Os homens públicos serão sempre patronos e hierarquizam-se pelo número de clientela que representam. São gestores de contactos. Desde sempre a política foi marcada por essa realidade. A este propósito Appiah recorda-nos o que Horácio (65-8 a.C.) no III Livro das Odes produziu poeticamente em Odi profanum vulgus: "E, no início do poema fala-nos, também, sobre um grupo de candidatos às eleições, entrando no fórum de Roma: Um é de uma linhagem mais nobre, outro é cheio de estilo e com uma boa reputação, e sobre o terceiro ele diz:
«...a multidão dos clientes daquele homem poderá ser Maior».
Illia Turba clientium sit maior: Ele deve ter um grupo maior de clientes. Possuir uma legião de clientes era uma fonte de estatuto na Roma de Augusto. Era algo que trazia respeito: podendo mesmo conseguir que uma pessoa fosse eleita para o cargo".
«...a multidão dos clientes daquele homem poderá ser Maior».
Illia Turba clientium sit maior: Ele deve ter um grupo maior de clientes. Possuir uma legião de clientes era uma fonte de estatuto na Roma de Augusto. Era algo que trazia respeito: podendo mesmo conseguir que uma pessoa fosse eleita para o cargo".
Os políticos sofrem da ambição de resolverem problemas colectivos. Neste aspecto a sua existência é facilmente vítima da impossibilidade de se situarem na resolução e amparo da escala individual. Uma vez mais Kwame Appiah, apoiado em Thomas Carlyle (1795/1881) e Edmund Burke (1729/1797) põe o problema, recordando o lastro de dois pensadores exímios na arte de se preocuparem, gostarem e amarem toda a Humanidade sem, individualmente, se terem situado na procura de viverem tais conceitos em parceria individual: "«Amigo dos homens, e inimigo de qualquer homem com quem travasse conhecimento», disse de forma memorável Thomas Carlyle a respeito do fisiocrata do século XVIII, Marquis de Mirabeu, que escreveu o tratado «L´Ami des Hommes», quando não estava demasiado ocupado a prender o seu próprio filho. «Um amigo da sua espécie, mas um inimigo da sua família», disse Edmund Burke a propósito de Jean-Jacques Rousseau, que entregou cada um dos seus cinco filhos a um orfanato".
Por estas razões os políticos querem resolver a educação, mas provavelmente nunca vão educar ninguém. Preocupam-se com a terceira idade, mas nunca terão tempo para os seus próprios pais. São dados a paixões e amores que dificilmente chegam a efectivar-se de forma personalizada. Consomem-se no plural (soma de votos é isso mesmo). Tendem a desconhecer e a saborear o individual, singular e único.
Nota - As citações realizadas foram retiradas da obra
APPIAH, Kwame (2008) Cosmopolitismo, Ética num Mundo de Estranhos, Publicações Europa-América, Mem Martins, ISBN 978-972-1-05929-0.
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