A árdua tarefa de seleccionar uma música como a mais talentosa de todos os tempos. Um absurdo, porventura, mas que para mim tem significado

O ambiente estival e o período de férias abrem-nos a mente para reflexões curiosas. Pode parecer estranho mas nunca me cansei, em décadas, desta faixa discográfica. Considero uma verdadeira pomada para os ouvidos.
Se numa situação absurda tivesse de escolher uma única música como aquela que considero mais notável ou, numa situação mais patética e hilariante, estivesse privado de ouvir música em geral, mas davam-me o privilégio de escolher uma única permitindo que essa fosse escutada, a minha opção iria para o tema Afterglow (4:12) dos Genesis, da autoria de Tony Banks.
Esta faixa faz parte do 8.º disco lançado pelos Genesis (Wind and Wuthering), surgido em Dezembro de 1976 e gravado entre Setembro e Outubro desse ano. Teve a particularidade de vir a ser o último com a participação de Steve Hachett (guitarrista) e de imprimir uma responsabilidade acrescida a Phil Collins, vocalista desde o álbum anterior (A Trick of the Tail) lançado em Fevereiro de 1976 e gravado entre Outubro e Novembro de 1975, altura em que Peter Gabriel abandona em definitivo a Banda.


Obrigada Mafalda Veiga por um roteiro musical contra o embrutecimento humano


Nota prévia:


Esta hierarquia, este ranking, muito pessoal está pejada de limitações, contradições e sendo, porventura, um atentado para com uma obra musical e de conteúdo vivencial invulgar. Não tem nada a ver, por exemplo, com o que escutei e ouvi ao vivo com gosto, no passado dia 21 em Cascais, integrado no Festival Mafra/Cascais Cooljazz talents.
Não passa de um alinhamento que reflecte e está contaminado pelo estado de espírito de quem o elaborou. Pode ser alterado em grande parte pelas circunstâncias. A meditar e a conviver com a morte, não tenho dúvidas em por em 1º lugar a música Llovizna, mas para reencontrar alguém escolheria o tema Por Te Rever. Apesar de tudo o alinhamento sendo o meu, é com ele que tem feito mais sentido o meu trajecto de vida. O youtube é uma tentação para se fazer este tipo de investigação ou, com menos pretensão, trabalho de casa.



  1. O Lume
  2. Cada Lugar Teu
  3. Meu Abrigo
  4. Imortais
  5. Gente Perdida
  6. Uma Gota
  7. Uma noite para comemorar
  8. Antes da Escuridão.
  9. Cúmplices
  10. Por te Rever
  11. Faz Parte
  12. Abraça-me Bem
  13. Paciência (com João Pedro Pais)
  14. Entre Achados e Perdidos
  15. Tatuagens (com Jorge Palma)
  16. Era uma vez um pensamento Teu
  17. Llovizna (em castelhano)
  18. Por outras Palavras
  19. Estrada
  20. Fragilidades (Com Luís Represas)
  21. Outra Margem de Mim
  22. Vestígios de Ti
  23. No rasto do Sol
  24. Restolho
  25. Fim do Dia

Laicização e Secularização

Ambos os conceitos tratam da constatação do declínio da importância da Religião, mas não significam a mesma coisa. Apesar de existir sobreposições e um dos conceito aplicados poder influenciar o ritmo do outro, orientam-se como fenómenos diversos.
Refira-se que na tradição latina, por força da Revolução Francesa, a laicização é um termo muito mais dominante do que o de secularização, predominantemente presente nas sociedade anglo-saxónicas e germânicas, onde este último termo entrou, pela primeira vez, nas Ciências Sociais pela mão de Max Weber (1864-1920).
A laicização é uma resultante do labor do aparelho político/administrativo, normalmente o Estado, enquanto a secularização é uma dinâmica social em que, progressivamente, ocorre perda de importância da Religião. O Reino Unido está muito secularizado, mas o Estado Anglicano deu muito poucos paços para a laicidade. O Estado Turco vive há décadas numa laicização profunda com um tecido social muito pouco secularizado. Na 1.ª República Portuguesa houve um investimento brutal do sentido do laicismo com resultados de secularização na população reduzidos.
Na laicidade não existe neutralidade, porque compete ao Estado ou outras estruturas organizadas uma intromissão directa na esfera religiosa neutralizando-a e enfraquecendo-a. Num certo sentido estamos perante o surgimento de uma Religião Civil patrocinada pelo Estado.
Podem existir várias matrizes laicizantes. A mais radical surge quando se pretende que a Religião deixe de ser considerada uma instituição que estrutura a sociedade e não se reconhece liberdade pública fundamental, de culto e de consciência. Na maior parte dos casos o laicismo contenta-se com a separação de finalidades, objectivos e funções que não têm de ser, necessariamente, conflituosas.
A secularização é uma autonomia progressiva da sociedade em relação às instituições religiosas. Através deste fenómeno é possível pesquisar de que forma uma Religião fornece aos indivíduos e colectividades referências, valores e normas significativas. A prática religiosa, a intensidade da adesão, os reflexos dos valores religiosos na actuação cívica e política só por este meio podem ser reflectidos em termos descritivos e explicativos.
O processo de secularização toma o seu carácter mais radical com a "mundanização", situação que se atingiria quando uma sociedade, deixando de se interessar pelo mundo sub natural ou espiritual, passasse a se concentrar em questões, aparentemente, só materiais.
No âmbito religioso a maior instabilidade ao seu património advém da secularização interna, entendido o fenómeno como o conjunto das atitudes dos crentes tomadas com vista a questionarem ou duvidarem do seu património.
Os esforços de laicização, como processo de extermínio do religioso parecem estar condenados. O investimento ocorrido na extinta URSS, em Cuba ou na República Popular da China são disso exemplos e testemunhos. Mesmo certas tentativas estatizantes de diminuir a influência do ensino religioso, pensemos em França ou Espanha, atingem resultados práticos diminutos. O efeito contrário, de contra-resposta, até provoca resistências que a laicidade bem gostaria de ver inexistentes ou adormecidas, num autêntico processo de boomerang politicamente sempre de evitar. A secularização, pelo contrário, desenvolvendo-se a partir das próprias estruturas religiosas, parece estar a provocar o inquestionável aumento do agnosticismo e ateísmo.

O mais dotado a reflectir nestas temáticas foi Alexis de Tocqueville (1805-1859). Sobre a sociedade americana, pensando consigo próprio, deixou escrito “perguntava-me como podia acontecer que, ao diminuir a força aparente de uma Religião, se aumentasse de facto o seu Poder. Viver à sombra de um Poder terreno pode ter imensas vantagens para uma Religião, mas impõe muitas limitações. Assim, ao aliar-se a um poder político, a Religião aumenta o seu poder sobre uns quantos, mas perde a esperança de ter o poder sobre os restantes”.
Explicando, magistralmente o peso que a religião tem numa sociedade tecnicamente avançada, algo que é estranho na Europa onde domina o pensamento que a religiosidade é um arcaísmo que existe na proporcionalidade da ignorância, deixou escrito: “Nos Estados Unidos da América, a Religião talvez seja menos poderosa do que foi em certas épocas e com certos povos, mas a sua influência é mais duradoura. Ela concentrou-se nas suas próprias forças que ninguém lhe pode retirar, age em torno de um único círculo, mas percorre-o na totalidade e domina-o sem dificuldade”.

I Contribuição histórico/genealógica para um melhor conhecimento de algumas famílias algarvias

Nota prévia:
Neste post será apresentado o caso dos Freitas da Madalena do Mar (Madeira), com origem na cidade de Lagos (Algarve) e ligados a quase todas as primeiras famílias que se estabeleceram na Madeira. No que me diz respeito, apoiado na nomenclatura própria que serviu de base para a estruturação das famílias durante séculos e com a qual não vou questionar a sua fundamentação (isso por si só era matéria para amplo debate), indico que perdi a primogenitura logo na XV geração e a varonia na XIII. Mesmo assim, somente na X geração desapareceu por completo o seu uso como apelido (Árvore Genealógica nº 1).

Estamos em matérias em que os erros, falhas, deturpações e ilimitados novos dados podem sempre aparecer. Com esta consciência e procurando rigor submeto-me a todas as correcções e aceito todos os contributos dos que interessados desejem realizá-las, após terem tido a paciência de se debruçarem sobre o que aqui é apresentado.


Árvore Genealógica Nº1 (FREITAS da Madalena do Mar)



(clique na imagem para ampliar)



XVII Geração

Nuno de Freitas, morador em Lagos (Algarve).

Consultar: Henriques de Noronha, Henrique (1700), Nobiliário da Madeira, in Título Freitas d´a Magdalena, Tomo II, Funchal.

16.1 João Rodrigues de Freitas (que segue).

16.2 Violante de Freitas casada com Garcia Rodrigues da Câmara filho terceiro de João Gonçalves Zarco.

Notas Históricas para se compreender melhor as relações familiares entre os FREITAS e os CAMARA LOBOS filhos de João Gonçalves Zarco:

A)João Gonçalves Zarco (1394/1467) participou na tomada de Ceuta e na primeira tentativa da de Tânger. Descobridor da Madeira (1418/20), foi Donatário e Governador da Capitania do Funchal, doada pelo Infante Dom Henrique em concessão do seu sobrinho o Rei Dom Afonso V (1432/1481). Recebeu do Monarca o Brasão de Armas e o “acrescentamento” do nome “Câmara de Lobos” derivado da gruta em que desembarcou, habitada por lobos-marinhos.

B)Relativamente aos filhos de João Gonçalves Zarco houve uma preocupação Régia de os casar no seio da Nobreza emergente com os Descobrimentos e Expansão Portuguesa. Só assim de explica a preocupação de Dom Afonso V em enviar à Ilha da Madeira fidalgos com esse objectivo:”Ahi vos mando quatro fidalgos para casardes vossas quatro filhas, que se vos os datarei a elles segundo suas qualidades, eu vos haverei por muito honrado, e a elles por bem dotados”.

1. João Gonçalves Zarco da Câmara de Lobos, casado com D. Constança Rodrigues de Almeida de Sá, teve os seguintes 7 filhos:

1.1 João Gonçalves da Câmara (2º Capitão da Jurisdição do Funchal que “herdou a casa do seu Pai” casou com D. Maria de Noronha. De uma Aia de sua mulher, Isabel Lopes (minha XVI antepassada) teve um filho, chamado Garcia da Câmara, antes de casar com João Rodrigues de Freitas (meu XVI antepassado). Perfilhado e aceite no matrimónio canónico entre o 2º Donatário e D. Maria de Noronha, aí foi criado juntamente com os restantes filhos:”foi muito amado de seu pae, e de seus irmãos, em cuja casa se criou sem distinção de legítimo e bastado, e em seu testamento lhe deixou em sua terça quatro centos mil reis, morreu em 1521”. Teve um fim trágico ao ser assassinado” por Jorge Anes de Sá que, considerado culpado desta morte, pediu a Dom João II o direito ao uso de armas ofensivas e defensivas, por temer que Gil Barradas e seus familiares e os de Garcia da Câmara atentassem contra sua vida”. Casado com Mércia Nunes Gouveia teve uma filha Leonor da Câmara casada com Lucas de Azevedo.

1.2 Rui Gonçalves da Câmara. Casado.

1.3 Garcia Róis ou Rodrigues da Câmara casado com Violante de Freitas irmã de João Rodrigues de Freitas (meu XVI antepassado), ambos filhos de Nuno de Freitas (meu XVII antepassado).

1.4 Beatriz Gonçalves da Câmara casou com Diogo Álvares Cabral, cujo irmão, Fernão Álvares Cabral, foi pai de Pedro Álvares Cabral descobridor do Brasil.

1.5 Isabel Gonçalves da Câmara.

1.6 Catarina Gonçalves da Câmara casada com Garcia Homem de Souza.

1.7 Helena Gonçalves da Câmara.

XVI Geração

João Rodrigues de Freitas (??/1523), “O Velho”, natural de Lagos, Algarve, viveu n’o logar d’a Magdalena d’o mar, onde morreu, e se sepultou n’a Egreja d’a Magdalena, que era sua em 1523”.

Um dos navegadores lacobrigenses participantes na expansão portuguesa iniciada com o Infante Dom Henrique..Consta entre os “Navegadores Celebres” citados na Monografia de Lagos nas páginas 51 a 65, da autoria de Manuel João Paulo Rocha, ed. Algarve em Foco editora, 1991 (1ª edição 1909). Concretamente sobre João Rodrigues de Freitas é dito: “Este navegador lacobrigense foi um dos povoadores da Ilha da Madeira e ahi casou com a viúva de Henrique Allemão. Morta esta senhora, passou a segundas nupciaes com Isabel Lopes, e ambos instituíram na mesma Ilha o morgado da Magdalena”. Págs. 59 e 60.

-Um dos primeiros colonizadores da Ilha da Madeira e responsável pela linhagem dos FREITAS D´A MAGDALENA. Foi cunhado de Garcia Róis ou Rodrigues da Câmara filho terceiro de João Gonçalves Zarco: “o primeiro que veio a ésta Ilha”.

Casou 1º com a viúva de Henriques Alemão de apelido Annes. Por morte desta sua primeira mulher veio a herdar os seus bens: “a qual o deixou por herdeiro de seus bens n’aquelle logar; e segundo consta d’o inventario que deste 1.º matrimonio deu o dicto João Rodrigues de Freitas”.

Notas históricas: Em 1440 João Gonçalves Zarco doou a Henrique Alemão “as terras de sesmaria na Madalena do Mar”. No dia 18 de Maio de 1457 esses bens fundiários estiveram na base do surgimento de um morgadio.

Relativamente a Henrique Alemão, que deixou viúva a que viria a ser a primeira mulher do meu XVI antepassado, João Rodrigues de Freita, é possível se saber o seguinte, relativamente ao seu falecimento: ”Ao morrer, Henrique Alemão foi sepultado sob uma rocha chamada de Cabo Girão, local onde morreu esmagado por uma quebrada que do Cabo Girão caiu sobre o barco em que ia da cidade do Funchal para a Madalena. Sua viúva veio a casar em segundas núpcias com joão Rodrigues de Freitas. Ainda agora existe à cima da Vila da Ponta do Sol, a Fajã do Alemão, que o povo por corruptela denomina “do Limão”. Algumas relíquias suas estão na capela da Madalena”. Fonte: www.interativa.org/annes.

Após enviuvar casou com Isabel Lopes ( minha XVI antepassada): “Casou 2.ª vez n’o anno de 1490 com Izabel Lopes, que fôra aia de D. Maria de Noronha, mulher de João Gonçalves d’a Camara, 2.º Capitão d’esta jurisdicção d’o Funchal, e em quem lhe havia tido a Garcia d’a Camara, se filho natural: era a dicta Izabel Lopes natural de Guimaraens, em Portugal, e filha de Gonçalo Pires, e de Constança Lopes”: Consultar Nobiliário da Madeira em Freitas d`a Magdalena. (fol.58 e verso).

Apontamento histórico: No ano de 1480 ocorreu uma celebração de escritura de venda das terras do Curral das Freiras, propriedade de Rui Teixeira, a João Gonçalves da Câmara.

Do 1º Casamento dois filhos:

15.1 Francisco Rodrigues, Clerigo.

15.2 Catharina Rodrigues, mulher de Estevão Fernandes, e d’estes nasceu uma filha que casou com o Dr. Vasco Affonço.

Do 2º Casamento sete filhos:

15.3 João Rodrigues de Freitas, o Môço: “filho 1.º de João Rodrigues de Freitas, succedeu n’o morgado de seus pais.Casou em St.ª Cruz com Izabel Antunes Drummond, filha de João de Leiria, e de Izabel Antunes, que era filha de João Escocio, e de Branca Affonço, em título de Drummonds Escocios, § 1.º , N.º 1.º, a qual morreu em 21 de Septembro de 1578”. Ligações com Ornellas Vasconcelos, Bettencout Corrêa, Acciaioli de Vasconcelos, Lomelino, etc.

15.4 Pedro Rodrigues.

15.5 Fernão Lopes de Freitas (que segue).

15.6 Mem Rodrigues de Freitas, que passou á Índia, onde morreu.

15.7 Joanna Rodrigues, mulher de Vicente Delgado, filho de Pedro Delgado, “o Nabo”, e de Izabel Fernandes, a “Velha d’a Serra”, em título de Delgados.

15.8 Leonor Rodrigues de Freitas, mulher de João Affonço Henriques, filho de Affonço Ennes e de Barbara Henriques, em título de Henriques Alemões.

15.9 Francisca Rodrigues de Freitas mulher de Mapheu Rugel de Tassis, filho 2.º de Ruger de Tassis, e de Alegre d’Alvito. Fidalgo italianno e gentil homem d’a Camara d’o Imperador Maximilianno e seu Monteiro Mór, o qual Mapheu Rugel passou á Hespanha a servir o officio de Correio Mór por morte de seu irmão primeiro João Baptista de Tassis (2), c. g. Como testifica Haro n’o seu Nobiliario (T.º 2.º, L.º 6.º, f. 36, onde erradamente lhe chama Catharina, e não Francisca).

XV Geração

Fernão Lopes de Freitas casou com Francisca de Frias.

-Cavaleiro da Ordem de Cristo (COC).

-Fidalgo da Casa Real (FCR) d`El Rei Dom João III.

-Militou na Índia e foi Alcaide em Tanger: “Serviu n´a Índia, d´onde voltou a Portugal por matar em desafio a um fulano Sardinha, e d´ahi passou a África, onde serviu, e lhe fez El-Rei mercê d´o habito de Christo com a Alcaidaria Mor de Tãngere”. Consultar: Henriques de Noronha, Henrique (1700), Nobiliário da Madeira, in Título Freitas d´a Magdalena, Funchal, Tomo II, (fol.64/verso).

Tiveram 5 filhos:

14.5 Jerónimo de Freitas de Frias (que segue).

XIV Geração

Jerónimo de Freitas de Siqueira (????/1578) casado com Constança de Reboredo.

-Cavaleiro da Ordem de Cristo (COC).

-Alcaide-do-Mar (impropriamente certos genealogistas apresentam o cargo como Alcaide-Mor de Tanger): “e recebeu a seu pae n`a Alcaidaria Mór de Tãngere, onde servia com muita satisfação”, consultar a obra de Manuel Thomaz, Insulana L.º9º.Tit.122 e Nobiliário da Ilha da Madeira, título Freitas da Magdalena (fol.65).

-Como Alcaide-do-Mar deve-se ter deslocado de Tânger a Lagos para acompanhar, pessoalmente, S. A. R. Dom Sebastião na fase final da sua viagem até Marrocos. Explica-se assim a seguinte descrição no Foro de Cavaleiro Fidalgo com Acrescentamento de Morada do seu Bisneto, meu XI antepassado (Diogo Banha de Sequeira, descrito nesta árvore genealógica): “Bisneto de Jerónimo de Freitas de Sequeira, Alcaide Mor que foi da mesma cidade, que passou a África com o Senhor Rey Dom Sebastião, que Santa glória haja, por Adail de outo centos de cavallo em cuja occazião o matarão os mouros”: “Famílias Nobres do Algarve” da autoria do Visconde de Sanches de Baêna, 1900/I Volume pág. 83.

-Foi morto na batalha de Alcácer Quibir em 1578.

Tiveram 3 filhos:

13.3 Catarina ou Maria de Frias (ou de Reboredo) de Freitas (que segue).

XIII Geração

Maria de Reboredo de Freitas casou em 1584 com Sebastião Banha de Siqueira.

Biografia do Marido:

-Cavaleiro Fidalgo da Casa Real (CFCR) e Cavaleiro da Ordem de Cristo (COC).

Pelo menos uma filha:

12 Constança de Reboredo

XII Geração

Constança de Reboredo (1596/1645), nasceu em Tanger (Sé), foi baptizada a 20 de Abril de 1596 e morreu nessa cidade no mês de Junho de 1645 com “peste”, casou com Luís Villes ou Vellez (??/1653), era filho de Francisco de MENEZES (Cavaleiro da Ordem de Cristo em 1613) e de Catarina Madeira

Biografia do Marido:

-Cavaleiro Fidalgo da Casa Real (CFCR) e Cavaleiro da Ordem de Cristo (COC) em 1636.

-Em 27 de Agosto de 1648 teve mercê de 30$000 de tença por ano e de um Ofício de Justiça ou Fazenda para o casamento de uma sua filha, e a promessa de uma Comenda obrigatória passar, por sua morte, a seu filho António.

-Esteve 7 anos preso.

“Estando prisioneiro dos espanhóis em 14 de Junho de 1644 foi recomendado com particular atenção ao Conselho de Guerra para tratar da sua liberdade por troca com alguns prisioneiros de Tânger e a 16 desse mês foi determinado a esse mesmo Conselho que fossem passadas as ordens que a sua mulher solicitasse para se fazer a troca entre algum castelhano que estivesse preso em Portugal, indicando esta para o resgate de seu marido os capitães D. Miguel Ramirez de Guevara e D. Manuel Rodriguez Montañez. Em 27 de Agosto de 1648 teve mercê de 30$000 rs. De tença por ano e de um ofício de justiça ou Fazenda para o casamento de uma sua filha, e a promessa que tem da Comenda obrigatória passar por sua morte a seu filho António, pelos seus serviços no aprisionamento de uma setia de mouros no Cabo de Santa Maria, Tânger e Barbaria, e sendo aprisionado pelos castelhanos sofreu na cidade de Gibraltar sete anos de prisão, conseguindo fugir para França”.

-Morreu em 12 de Dezembro de 1653.

Tiveram 6 filhos:

11.2 Diogo Banha (que segue).

XI Geração

Diogo Banha de Siqueira (1616/??), foi baptizado na Sé de Tanger a 8 de Maio de 1616, casou a 2 de Novembro de 1640 com Maria Tavares Lopes(1625/??).

-Capitão de Cavalos, serviu na Cidade de Tanger com “armas e cavalos à gineta”, durante 10 anos e nove meses, sendo um dos Conjurados de Tanger que aclamaram Dom João IV na mesma Cidade.

-Foi Escrivão do Almoxarifado de Tanger.

-Procurador da Cidade de Tanger. No Foro de Cavaleiro Fidalgo reproduzido na obra “Famílias Nobres do Algarve” da autoria do Visconde de Sanches de Baêna, 1900/I Volume pág. 83, é mencionado “(…) e achando-se em todas as ocasiões de guerra, que no dito tempo se oferecerão, numa das quais foi ferido com uma bala, e ser um dos sete cavaleiros conjurados que aclamaram o dito Senhor na dita cidade, por cujos respeitos o General D. Gastão Coutinho o encarregou do cargo de Procurador da dita cidade (…)”.

- Comandou três navios com o objectivo de desalojar o Cabo Espartel, numa empresa em que foi tomado um navio aos “mouros”. Agraciado pela Coroa é mencionado no Alvará de 2 de Março de 1651 relativo ao “Foro de Cavaleiro Fidalgo com acrescentamento de moradia” (livro 3 da Matricula, folha 416,V.) o seguinte: “lhe faz mercê de lhe acrescentar duzentos reis mais em sua moradia por mês, com o dito Foro de Cavaleiro Fidalgo e um alqueire de cevada por dia”.

- Cavaleiro Fidalgo da Casa Real (CFCR) (Alvará de 20 de Abril de 1662, registado no Livro 5 de Matrícula, fls.416) e Cavaleiro da Ordem de Cristo (COC).

Nota: Diogo Banha casou primeiro com Luísa Vieira de Figueiredo a 24 de Outubro de 1638, viúvo casou com Maria Tavares a 2 de Novembro de 1640, de quem descendo.

Filhos: Só se conhece descendência do 2º Casamento:

10.1 Constança de Reboredo de Freitas (que segue).

X Geração

Constança de Reboredo de Freitas ou Frias (1656/??), nasceu em Tanger (Sé) e foi Baptizada a 28 de Abril de 1656, casou em Lagos a 25 de Janeiro de 1671 com Manuel Tavares Lopes (1639/1702), nascido a 13 de Fevereiro de 1639 em Tanger (Sé) e falecido a 2 de Novembro de 1702.

Biografia do Marido:

-Foi Baptizado em 25 de Dezembro de 1643, em Tanger.

-Cavaleiro da Ordem de Cristo (COC) por Alvará de 12 de Fevereiro de 1672 (Chancelaria da Ordem de Cristo, Liv 46 a fl.47,v): “Eu o PRINCIPE, Mando a qualquer cavalleiro professo da Ordem de Cristo a quem este meu Alvará for apresentado que dentro da minha Capella dos Paços da Ribeira ou na Egreja de Nossa Senhora da Conceição desta Cidade de Lisboa, armeis cavalleiro a Manuel Tavares Lopes a quem hora mando lançar o Habito da mesma Ordem e para seus padrinhos em o dito acto o ajudarem mandareis requerer a dous cavalleiros mais da mesma Ordem, e de como assim o armardes cavalleiro me passareis certidão nas costas deste Alvará que se cumprirá sendo passado pela Chancellaria da Ordem. Francisco de Carvalho o fez em Lisboa, aos doze de Fevereiro de seiscentos setenta e dous annos. António de Sousa de Carvalho o fez escrever”. Nota: É possível consultar este documento na obra: “Famílias Nobres do Algarve” da autoria do Visconde de Sanches de Baêna, 1900/I Volume pág. 91.

-Relativamente ao Matrimónio: ”Aos vinte e cinco dias do mez de Janeiro de mnil seis centos e setenta e um o Reverendo Prior e Licenciado Francisco Vieira, recebeu na forma do Sagrado Consilio Tridentino, na Ermida de Nossa Senhora da Graça, com a licença do Senhor Deão Provisor deste Bispado, a Manuel Tavares Lopes, filho de Francisco Lopes Tavares e d. Maria Vellez de Bettencourt, com D. Constança de Reboredo de Fruías, filha de Diogo Banha de Sequeira e de D. Maria Tavares Lopes. Forão dispensados em segundo e terceiro grau. Foram testemunhas Lopo Fernandes Lopes e Francisco Vellez e Balthazar Lopes Tavares, dia, mez e anno ut supra”.

-Moradores em Tavira, in Telles Moniz Côrte-Real, Miguel Maria (2003), Fidalgos de Cota de Armas do Algarve, Edição do Autor, Lisboa, pág. 145.

Reflexão Histórico/genealógica

I) A minha ligação de parentesco directo com os Câmara Lobos, Donatários e Governadores da Capitania do Funchal (Madeira), faz-se não por via da família Freitas, como efectivamente ocorreu e ficará explicado no ponto II, mas mediante a minha XIV Avó (XVI antepassada) Isabel Lopes.

O meu XVI antepassado (João Rodrigues de Freitas) quando casou com a minha XVI antepassada (Isabel Lopes), no ano de 1490, tinha dois filhos do 1º casamento realizado com uma viúva de Henriques Alemão de quem não se conhece se não o apelido (Annes). Por sua vez a minha antepassada Isabel Lopes, no estado de solteira e na condição de Aia da mulher do 2º Capitão Donatário do Funchal, D. Maria de Noronha, teve de João Gonçalves da Câmara um filho que, na época, podendo ter o tratamento bastardo, o relato que nos foi legado indica-nos que foi perfilhado e aceite no matrimónio do Capitão Donatário “amado de seus pais e de seus irmãos em cuja casa se criou sem distinção de legítimo e bastardo”. Facto que leva a se concluir que tal filho, Garcia da Câmara, não foi criado e educado na companhia da sua mãe natural Isabel Lopes.

II) A ligação dos Freitas da Madalena do Mar com os Câmara Lobos, Donatários e Governadores da Capitania do Funchal (Madeira), ocorreu por via do casamento de Garcia Róis ou Rodrigues, filho terceiro de João Gonçalves Zarco da Câmara (1º Donatário e Governador da Capitania do Funchal) e de D. Constança Rodrigues de Almeida de Sá, com D. Violante de Freitas, irmã de João Rodrigues de Freitas (meu XVI antepassado), ambos filhos de Nuno de Freitas (meu XVII antepassado).

III) Uso e desuso do apelido Freitas na minha linha familiar.

João Rodrigues de Freitas (meu XVI antepassado), na posse do Morgado da Madalena do Mar teve 9 filhos (2 do primeiro casamento e 7 do segundo). O primeiro varão, proveniente do primeiro matrimónio foi clérigo, pelo que recaiu a sucessão patrimonial no filho mais velho nascido do casamento com a minha XVI antepassada Isabel Lopes.

O seu 3º filho varão, de que descendo, Fernão Lopes de Freitas (XV antepassado), teve de orientar a sua vida por mérito de carreira própria, fora do amparo patrimonial dos pais que seu irmão João Rodrigues de Freitas teve como sucessor do Morgado da Madalena do Mar (Como curiosidade histórica acrescente-se que este Morgado veio a recair, em última instância e antes da queda do Antigo Regime, na família Câmara Lomelino). Por este facto esteve na “Carreira da Índia” servindo a Coroa em funções que o levaram a ser designado para Alcaide em Tanger (Marrocos) onde se fixou.

Teve como descendente Jerónimo de Freitas de Siqueira (meu XIV antepassado), casado com D. Constança de Reboredo (minha XIV antepassada), e que ocupou o mesmo cargo que seu pai. Na Batalha de Alcácer Quibir, no ano de 1578, perdeu a vida. Uma sua filha, D. Maria de Reboredo de Freitas (minha XIII antepassada) casou, no ano de 1584, com Sebastião Banha de Siqueira (meu XIII antepassado)

A partir deste momento é por via feminina que se mantém a ligação com a família Freitas, mas não desaparecerá de imediato na forma de apelido. A minha XII antepassada D. Constança de Reboredo de Freitas casada com Luís Velez de Menezes não usará os apelidos paternos.

O seu filho, o meu XI antepassado Diogo Banha de Siqueira, vai buscar os apelidos do seu avô materno. Viúvo de D. Luísa Vieira de Figueiredo, casou a 2 de Novembro de 1640 com D. Maria Tavares (minha XI antepassada) vindo a ser, menos de um mês depois, um dos Conjurados de Tanger que aclamaram Dom João IV na mesma Cidade. Foi Escrivão do Almoxarifado de Tanger e Procurador da Cidade de Tanger.

Curiosamente a sua filha D. Constança de Reboredo de Freitas casada com Manuel Tavares Lopes recupera o apelido e até tem o nome exactamente igual ao usado pela sua avó paterna ou, para evitar confusões, usa também o Frias. Nascidos, ambos, em Tanger casam-se em Lagos o que denunciam a vivência de um acontecimento histórico português que na altura suscitou amplas paixões.

Com o contrato nupcial da Infanta Dona Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra, ocorrido em 1661 e que constou da cedência a Inglaterra de Bombaim, Tanger e de 2 milhões de cruzados, as famílias portuguesas “tangerinas são despejadas”. Naturalmente regressam muitas ao Algarve, terra dos seus antepassados. É o que explica o regresso dos que estão aqui em análise, casados em Lagos no ano de 1671. Fecha-se um ciclo de expansão e circulação demográfica.

Volvidas 8 gerações o apelido Freitas passa a pertencer à mera memória patrimonial familiar de alguns e no contexto de 17 é quase motivo de ignorância colectiva.