Meu caro amigo e colega Vasco Corisco. Assumo como realidade prévia que no nosso caso, como a amizade é sólida, a tolerância como valor de cidadania a aplicar, indiferenciadamente a todos, não faz qualquer sentido. Felizmente conduzimo-nos baseados noutros graus de grandeza. Mas isso não implica que não esteja, plenamente e incondicionalmente, de acordo contigo para a necessidade operativa desta qualidade humana ser estimulada na sociedade. Apetece-me, até, meditar nalgumas considerações éticas sobre a Tolerância. Obrigado, pois, pelo desafio de fazer um Post sobre tão delicada matéria.
Em boa verdade, felizmente, nós hoje já utilizamos o conceito de tolerância com uma abrangência desconhecida dos nossos antepassados. Para estes últimos -a seguir até o que etimologicamente a palavra «tolerare» significa e sempre significou- a tolerância era saber sofrer e suportar sem vacilação. Estamos no que actualmente, quase em exclusividade, reservamos para outra virtude humana tão mal compreendida que é a Paciência, algo bem diferente da Tolerância.
A Tolerância no sentido mais extenso constitui na aceitação das diferenças existentes entre aquele que tolera e o tolerado, mas no pressuposto que as posições de um e outro se alteram num permanente respeito simultâneo, em que uma posição não sendo igual à outra está, todavia, presa ao princípio que respeitar também pressupõe ser respeitado.
Toleramos na medida em que nos confrontamos com distintas maneiras de pensar, agir e sentir. Então, se assim é, assumimos que temos padrões de referência próprios, desiguais de outros. Estamos a valorizar que somos diferentes e que o igualitarismo é insustentável. O que necessitamos então é de criar “margens de tolerância” e assumir que a diferença, o oposto não tem de ser necessariamente intolerável, porque a consistência das convicções quando alicerçadas em valores sólidos não receiam a pluralidade.
Podem existir riscos, no uso da Tolerância, que em Ética suscitam apreensões, dado anularem a própria razão de ser do conceito.
Ser tolerante não é ser indiferente. Bem pelo contrário é assumir a diferença sem receio de conviver ou pelo menos respeitar o diferente.
O excesso de relativismo anula o significado e razão de ser da tolerância, dado que como passamos a considerar todas as ideias e tomadas de posição como aceitáveis e legítimas, no limite, deixa de fazer sentido usar esta qualidade humana.
A ignorância, a incerteza, a ausência estruturada de ideias, responsáveis pela inexistência de valores que sustentem o pensamento e a consciência podem levar a uma aceitação do “Outro” por incapacidade de não ter nada alternativo, diferente ou até oposto que se apresente como viável. O condicionamento, neste sentido intelectual, concorre assim para ser desnecessário a virtude da tolerância porque imperam hierarquias dominantes de “mestres pensadores”.
Mas talvez a forma mais destorcida da tolerância seja a cobardia. Por medo objectivo, receio subjectivo ou simples calculismo tolera-se para evitar a confrontação, o conflito ou um desfecho não totalmente controlado. É o que o povo chama “paz podre” e com alguma pompa nas ciências sociais se chama viver amedrontado numa “espiral de silêncio”.
Em boa verdade, felizmente, nós hoje já utilizamos o conceito de tolerância com uma abrangência desconhecida dos nossos antepassados. Para estes últimos -a seguir até o que etimologicamente a palavra «tolerare» significa e sempre significou- a tolerância era saber sofrer e suportar sem vacilação. Estamos no que actualmente, quase em exclusividade, reservamos para outra virtude humana tão mal compreendida que é a Paciência, algo bem diferente da Tolerância.
A Tolerância no sentido mais extenso constitui na aceitação das diferenças existentes entre aquele que tolera e o tolerado, mas no pressuposto que as posições de um e outro se alteram num permanente respeito simultâneo, em que uma posição não sendo igual à outra está, todavia, presa ao princípio que respeitar também pressupõe ser respeitado.
Toleramos na medida em que nos confrontamos com distintas maneiras de pensar, agir e sentir. Então, se assim é, assumimos que temos padrões de referência próprios, desiguais de outros. Estamos a valorizar que somos diferentes e que o igualitarismo é insustentável. O que necessitamos então é de criar “margens de tolerância” e assumir que a diferença, o oposto não tem de ser necessariamente intolerável, porque a consistência das convicções quando alicerçadas em valores sólidos não receiam a pluralidade.
Podem existir riscos, no uso da Tolerância, que em Ética suscitam apreensões, dado anularem a própria razão de ser do conceito.
Ser tolerante não é ser indiferente. Bem pelo contrário é assumir a diferença sem receio de conviver ou pelo menos respeitar o diferente.
O excesso de relativismo anula o significado e razão de ser da tolerância, dado que como passamos a considerar todas as ideias e tomadas de posição como aceitáveis e legítimas, no limite, deixa de fazer sentido usar esta qualidade humana.
A ignorância, a incerteza, a ausência estruturada de ideias, responsáveis pela inexistência de valores que sustentem o pensamento e a consciência podem levar a uma aceitação do “Outro” por incapacidade de não ter nada alternativo, diferente ou até oposto que se apresente como viável. O condicionamento, neste sentido intelectual, concorre assim para ser desnecessário a virtude da tolerância porque imperam hierarquias dominantes de “mestres pensadores”.
Mas talvez a forma mais destorcida da tolerância seja a cobardia. Por medo objectivo, receio subjectivo ou simples calculismo tolera-se para evitar a confrontação, o conflito ou um desfecho não totalmente controlado. É o que o povo chama “paz podre” e com alguma pompa nas ciências sociais se chama viver amedrontado numa “espiral de silêncio”.
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