A confusão entre «DE» e «COM» pode baralhar a compreensão das coisas.

Muito se fala «DE muçulmanos», «DE cristãos», «DE judeus», «DE agnósticos» e «DE ateus». Um pouco menos «DE panteístas», por exemplo, mas deve ser por terem menos cota de mercado. Não seria mais proveitoso falar «COM muçulmanos», «COM cristãos», «COM judeus», «COM agnósticos» e «COM ateus».
Talvez por este facto alguns dos maiores cemitérios do Divino tenham surgido em faculdades de Teologia, Habitat´s de especialistas em pensarem e falarem «DE Deus» ao invés de «COM Deus». Vem-me à memória a adolescência e a paciência necessária para os peritos em conversar «DE mulheres», acumulando esta liderança com a inexperiência de conversar «COM mulheres», contribuindo para uma clara iliteracia do feminino. Como professor vou ambicionar conversar mais «COM alunos» do que manter conversas em torno «DE alunos».

1 comentário:

Dr. House disse...

Caro Professor,

Tema fantástico que nos leva para campos imensos e que cada um deles dava um tema.
Efectivamente fala-se "de tudo" mas fala-se "com ninguem", "com nada". Levando o tema para a giria futebolística, somos como os treinadores de bancada...
Dá me a ideia que "falar de" é mais confortável, ficamos de fora, não podemos ser "avaliados", esta postura talvez surja do facto de sermos, de certa forma, cobardes e de precisarmos constantemente da aprovação dos outros.
Ao falarmos de podemos emitir opiniões mas desligadas e muitas vezes descontextualizadas, mas por outro lado não nos comprometemos, pois somos apenas observadores. Agora quando falamos com....isso já é diferente...podemos ser confrontados, as nossas ideias podem ser postas em jogo, o nosso "eu" pode ter que se ajustar, porque ao falar com estamos a aprender, estamos a crescer, estamos a mudar...e mudar...no ser humano comum de hoje...é algo desconfortável...
Daí estarmos rodeados de cristais cinzentos, que gostam de falar de tudo mas recusam-se a falar com todos...Abraço
H.