Na sequência do último post têm-me perguntado, sinteticamente, o que no pensamento de Karl Popper (1902/1994) mais me fascina. Abstraindo as suas contribuições académicas vou-me centrar, apenas, no “Homem”. Sempre me fez grande impressão cruzar-me com pessoas que acham que «não erram» ou, mais humildemente, «raramente se enganam». Popper faz do erro aprendizagem, num confronto em que não medita que temos de o aceitar, apenas, quando ele é detectado, mas defendendo que só crescemos intelectualmente e humanamente quando o encontramos sem medo com a coragem, até, de o procurarmos.
“O que é mais importante é adoptar uma atitude crítica e compreender que não é apenas a tentativa que é necessária, mas também o erro. E tem de aprender não só a esperar que haja erros, mas também procura-los conscientemente. Todos nós temos uma tendência pouco científica para pensar que temos sempre razão, e esta tendência parece ser especialmente comum entre políticos profissionais e amadores. Mas a única maneira de aplicar algo que se assemelhe a um método científico em politica é agir com base no pressuposto de que não há acção politica nenhuma que não tenha inconvenientes, que não tenha consequências indesejáveis. Estar atento aos erros, identifica-los, revelá-los abertamente, analisá-los e aprender com eles, é isto que faz um politico científico e é, também, o que deve fazer um cientista político. Em politica, o método cientifico significa que a grande arte de nos convencermos de que não cometemos erros nenhum, de os ignorar, de os esconder e de responsabilizar terceiros pelos erros cometidos é substituída pela arte maior de aceitar responsabilidades por esses erros, tentar aprender com eles e aplicar o conhecimento assim adquirido de modo a evitarmos os mesmos erros no futuro”.
POPPER, Karl (2007), A Pobreza do Historicismo, Esfera do Caos editores, 1ª ed. p. 84.
“O que é mais importante é adoptar uma atitude crítica e compreender que não é apenas a tentativa que é necessária, mas também o erro. E tem de aprender não só a esperar que haja erros, mas também procura-los conscientemente. Todos nós temos uma tendência pouco científica para pensar que temos sempre razão, e esta tendência parece ser especialmente comum entre políticos profissionais e amadores. Mas a única maneira de aplicar algo que se assemelhe a um método científico em politica é agir com base no pressuposto de que não há acção politica nenhuma que não tenha inconvenientes, que não tenha consequências indesejáveis. Estar atento aos erros, identifica-los, revelá-los abertamente, analisá-los e aprender com eles, é isto que faz um politico científico e é, também, o que deve fazer um cientista político. Em politica, o método cientifico significa que a grande arte de nos convencermos de que não cometemos erros nenhum, de os ignorar, de os esconder e de responsabilizar terceiros pelos erros cometidos é substituída pela arte maior de aceitar responsabilidades por esses erros, tentar aprender com eles e aplicar o conhecimento assim adquirido de modo a evitarmos os mesmos erros no futuro”.
POPPER, Karl (2007), A Pobreza do Historicismo, Esfera do Caos editores, 1ª ed. p. 84.
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