Crise. Qual crise?


Supertramp - Soapbox opera; album Crisis? What Crisis? (1975)



Ver debates entre putativos primeiros-ministros oriundos do bloco central só com a companhia do filósofo Daniel Innerarity. Aprisionados a executar programas que já não são matéria da sua decisão, limitados a apresentarem resultados sobre orientação, a encenação em torno da liberdade de escolha torna-se patética: "quanto menos há para decidir, quanto menos está em jogo, tanto mais se faz notar a qualidade da representação".

O ponto de partida da maioria da assistência que preside a este tipo de espectáculos conduz-se pelo estereótipo que os artistas não são sérios. A aparência é soberana. O que aparentar ser menos mentiroso, um pouco mais económico nas contradições e um nadinha contido na demagogia triunfa. "Assim sendo, vence aquele que melhor sabe representar a credibilidade. Por isso a lógica dos meios de comunicação exige a personalização da política, a continua vinculação de notícias mais ou menos abstractas a nomes e, se possível, a rostos".

A campanha vai avançando. A possibilidade de agir politicamente de forma diferente e livre é ténue. Sobra personalizar os problemas para parecer que existem clivagens. "Os comportamentos e os temas só suscitam interesse quando as pessoas vêm neles assuntos pessoais. Na contenda eleitoral já não se enfrentam programas, mas rostos, sem um rosto visível nem, sequer as melhores ideias politicas se podem fazer notar".

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