Banda Incubus /Música Dig / Álbum Light Grenades (2006)
A música como género artístico,
não esqueçamos que é a 1ª das Artes, abusa da temática amorosa. Na tradição
helenística, mestra na captação da natureza humana de forma perene, as questões amorosas
vivem da bipolaridade e relacionamento dialéctico entre Eros e Philia. Ambos são
necessários, cumprem funções e devem coincidir, mas não é o que se passa. Eros
é omnipotente, Philia uma esquecida e
desconsiderada.
Em Eros o mistério, a carência, a sofreguidão e a irrequietude são
dominantes. Em Philia o conhecimento,
partilha, sedimentação e cumplicidade compartilhada preponderantes. De forma
menos sintética Eros privilegia o
rumor, a aparência, o artificialismo, a plasticidade, explorando o que não se
domina e não se tem. Não poucas vezes não passa de uma cobiça relativamente
àquilo que queremos egoisticamente para nós. Philia explora a confiança do convívio continuado, da amizade
cimentada e alimenta-se do aprofundamento e aperfeiçoamento do que se tem, é
viável ou é alcançável. Exige que procuremos satisfazer o outro ultrapassando a
nossa mera dimensão pessoal.
Centrado nas bandas que
proliferam nos palcos é espantosa a ênfase, apenas, em Eros. No Século XXI se tivesse de
privilegiar, no masculino, uma das excepções mais notáveis ao que
acabo dizer, recairia na música Dig
da Banda Incubus. Neste verão de 2012
temos de novo o talentoso Brandon Boyd em Portugal. No feminino recairia a
minha escolha em Christina Perri escutando A
Thousand Years ou Distance.
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