Generalitat de Catalunya |
Consell de Cent de Barcelona |
Braç Militar de Catalunya |
I-Enquadramento Geopolítico
II-Contextualização da figura de Benet (Bento) Romaguera
III- Conjuntura Familiar
Armas do Arquiduque Carlos III Espanha |
Armas de SAR Dom João V e Dom José I |
I
Enquadramento Geopolítico
A
Guerra da Sucessão de Espanha durou 12 anos (1702/1714), tendo-se arrastado
em termos diplomáticos até 1725. Portugal após desejar uma neutralidade e ter
seguido a causa francesa, impelido pela Inglaterra, participa no conflito de
forma activa na causa do arquiduque na aliança anglo-luso-germânica. O
epicentro desta guerra civil peninsular ocorreu com a morte do último monarca
da Casa de Habsburgo, Carlos II de Espanha, sem deixar herdeiros da rainha
Maria Luísa d'Orleães, dado a morte precoce do seu filho Dom José Fernando da
Baviera, Príncipe das Astúrias.
Aclamado
Rei da Espanha em Viena, a 12 de Setembro de 1703, o arquiduque Carlos III tenta, a partir de Portugal, impor as suas pretensões. Desembarca em
Lisboa a 9 de Março de 1704, onde é recebido com fortes apoios e entusiasmo. A
30 de Abril de 1704, Filipe V de Espanha declara guerra a Portugal iniciando-se
uma nova etapa do conflito quase permanente na Península Ibérica. A tentativa
de derrotar Filipe V, marchando até Madrid foi nesse ano um redundo fracasso,
não passando de Ciudad Rodrigo e ficando território português sobre ocupação ou
ameaça de o ser.
No
ano de 1705 Carlos III deixa Lisboa numa esquadra inglesa com a intenção de se
fixar na Catalunha. A partir de Portugal D. António Luís de Sousa (2º marquês das
Minas), D. Dinis de Melo e Castro (1º conde das Galveias) e D. Álvaro José Botelho
de Távora (2º conde de São Miguel) recuperam diversos territórios fronteiriços
ocupados pelos espanhóis e franceses, libertando o castelo de Marvão e retomando
diversas praças a norte do rio Tejo (Salvaterra do Extremo, Segura, Zebreira,
Castelo Branco e Monsanto). D. Fernando de Mascarenhas (2º marquês da Fronteira
e 3º conde da Torre) assume o comando das forças portuguesas. Na campanha de
1706, Alcântara rende-se a 14 de Abril, caindo Ciudad Rodrigo e Salamanca em
mãos das tropas anglo-lusas-austriacas num processo de mobilidade de forças que
permite que, a 28 de Junho de 1706 ,o Marquês de Minas entre em Madrid
aclamando arquiduque Carlos III Rei de Espanha.
A
morte de Dom Pedro II de Portugal, a 9 Dezembro de 1706, coincide com o impasse
na guerra civil de Espanha onde Aragão, e de forma particular Catalunha e
Valência, tomam partido pelo arquiduque Carlos III contra o restante território
espanhol optando por Filipe V. Neste contexto de forte impopularidade Carlos
III é recebido em Madrid a 2 de Julho de 1706, mas permanece apenas aí um mês
retirando-se a 3 de Agosto, estrategicamente com o objectivo de consolidar o
semicírculo de apoios constituído por Valência, Barcelona e Saragoça. Dom João
V herdada o envolvimento de Portugal neste conflito quando se inicia o seu
Reinado a 1 de Janeiro de 1707.
A 25 de Abril desse ano ocorre a Batalha de Almansa que
marca a viragem da guerra a favor de Filipe V. No alinhamento do exército do
arquiduque forças aliadas de Portugal, Grã-Bretanha, Províncias Unidas e
Aragonesas sofrem uma pesada derrota visível na perda de Valência. Os
militares espanhóis austracistas vão criar laços que mais tarde explicam
processos de exílio tomados por muitos deles.
O estabelecimento
de corte do arquiduque Carlos III em Barcelona, num contexto de total respeito
pelas tradições políticas autonomistas da cidade, entre 1705 e 1711 -período
onde ocorre o seu matrimónio com Dona Elisabeth de Brunswick-Wolfenbüttel na
Igreja/Basílica de S. Maria do Mar (1708) - granjeia uma popularidade que explica que a causa austracista seja
assumida maioritariamente na Catalunha. A morte de José I, irmão de Carlos III
de Espanha, desencadeia a necessidade de este assumir o Império como Carlos VI,
a partir de Viena, no ano de 1711.
A sua saída de Barcelona não foi, inicialmente, uma abdicação
dos seus direitos ao Trono de Espanha. Por essa razão a Imperatriz fica na
cidade durante mais dois anos.
A
subida ao trono Imperial de Carlos III levou à retirada do apoio da Inglaterra
e da Holanda que receavam o surgimento da união do Sacro-Império com Espanha e
uma geopolítica de “Carlos V” ressuscitada. Para estes países, que arrastam
Portugal, o conflito foi encerrado nas negociações de paz em Utreque, na
Holanda, a 7 de Novembro de 1712. Para ser aceito pelos outros países beligerantes,
Filipe V teve que ceder à Grã-Bretanha a ilha de Minorca, nas Baleares, assim
como o rochedo de Gibraltar e aos Habsburgos representantes
do Sacro-Império os Países Baixos
espanhóis. Também permitiu à Inglaterra um comércio limitado com suas colónias
na América por meio de «navios de permissão», além de dar aos ingleses o
direito de vender escravos por 30 anos nos referidos territórios. Portugal que
já tinha sofrido incursões corsárias francesas no Rio de Janeiro posteriormente,
a 11 de Abril de 1713, celebra um acordo com França onde este último país renúncia
às possessões portuguesas na margem esquerda do rio Amazonas, no Estado do
Maranhão.
A
Diáspora austracista começou após a Victoria bourbônica na batalha de Almansa,
ocorrida a 25 de Abril de 1707, que permite Filipe V submeter Valência e
Aragão. Nesta altura muitos deslocam-se para Barcelona, onde a Corte de Carlos
III estava instalada desde 1705, não pensando abandonar o Reino de Espanha. O
êxodo torna-se significativo quando em Março de 1713 a imperatriz
Isabel Cristina de Brunswick abandona Barcelona. No decurso do cerco
(1713/1714) à medida que politicamente a resistência passa a ter um gradual
carácter nacionalista populista regional fora da discussão inicial, podendo
falar-se da existência de uma Comuna Barcelonesa, muitos são os que preferem
emigrar. Barcelona rende-se e é, parcialmente, saqueada a 11 de Setembro de 1714.
Durante
a subsequente ocupação e repressão da cidade por forças predominantemente
franceses, após o 11 de Setembro de 1714, o exílio de muitos barceloneses
acelera-se. Neste caso despontando uma situação classificável como sendo de
nacionalismo catalão de base comunitarista que nada tem a ver com as motivações
dos austracistas que monárquicos, lutaram por uma Catalunha e principado
de Barcelona integrada numa Espanha plural. Abusivamente independentistas
catalães pretendem, no século XXI e de forma particular em torno do
tricentenário (1714/2014), ver nos austracistas a luta por uma soberania
independentista, de carácter exclusivamente republicano, que nunca existiu.
Os
austracistas derrotados exilam-se na Sardenha (onde existia uma comunidade
catalã numerosa), Corte de Viena (opositores catalães de maior projecção
social), Ducado de Milão, cidade Estado de Génova, Reino das II Sicília (com
particular relevo em Nápoles que em 1735 ao ser saqueada por Filipe V provoca
novo exílio catalão), Reino de Portugal (onde tantas conivências tinham
existido e onde o meu 9º antepassado aqui em reflexão se exilou) e Países
Baixos espanhóis (entretanto incorporados no Sacro Império Romano Germânico). O
exílio austracista está contabilizado entre 25.000 a 30.000 pessoas,
do qual a grande maioria provinha de Barcelona.
Na
Corte Vienense fixaram-se cerca de 1.500 austracistas dos quais alguns ocuparam
cargos importantes. O mais proeminente foi Ramon de Vilana Perlas, marquês de
Rialp, nomeado secretário de Estado e de Despacho do Imperador Carlos VI
(Carlos III de Espanha) que nunca renunciou por completo aos seus direitos como
Monarca de Espanha. Prova disso é que enquanto Barcelona era cercada por Felipe
V apoiado por um exercito francês o imperador Carlos VI criou o Conselho
Supremo de Espanha em Viena, no ano de 1713, para atender a assuntos que
se estendiam aos territórios italianos (Nápoles, Sardenha, Milão), aos Países
Baixos incorporados na Casa de Áustria. Este Órgão foi dirigido por numerosos
austracistas conhecedores de matérias em que já tinham actuado ao serviço dos
interesses de Espanha na Europa. A proeminência da ascendência social de muitos destes exilados leva ao
surgimento do «Partido Espanhol» que contava para além do marquês de Rialp com as
importantes presenças do Arcebispo de Valência Antoni Folch de Cardona e o seu
primo, Presidente de Conselho da Flandres, Josep Folch de Cardona. Muitos
oficiais espanhóis vão comandar forças militares no contexto europeu ao serviço
da Casa de Áustria e será criado o Hospital de Españoles dedicado aos
austracistas exilados. Em termos culturais escritores e juristas como Francesc
de Castellví ou Josep Plantí vão desenvolver uma importante actividade cultural
em Viena.
A
manutenção e prestígio da Escola Equestre Espanhola de Viena é bem uma herança
cultural desta comunidade e de uma Casa Reinante, os Habsburgos, que estiveram
na base de uma Dinastia que correspondeu a um dos períodos mais relevantes da
História de Península Ibérica. A comunidade austracista no contexto da Casa de
Áustria, por ser numerosa, chegou a construir uma nova Barcelona no Danúbio
(região do Banato entre a Hungria, Roménia e Sérvia). O projecto por motivos
climáticos foi um fracasso. Volvidos 3 anos (1735/38) os sobreviventes
regressaram a Buda, Peste (ambas só deram lugar a Budapeste em 1873) e Viena. É criado o Real Bolsillo Secreto com o objectivo de ajudar os espanhóis,
italianos e flamengos que desejaram continuar a ser súbitos do Arquiduque, Rei
de Espanha e agora Imperador Carlos VI.
O Monarca Filipe V após o arquiduque Carlos III de
Espanha e VI como Imperador renunciar ao reino de Espanha e das Índias com a
contrapartida de perder a soberania sobre as possessões de Itália e dos Países
Baixos, Tratado de Viena de 30 de Abril de 1725 que pôs oficialmente
termo à Guerra de Sucessão de Espanha, alguns indultos e perdões permitem que
cerca de 3.000 austracistas regressem a Espanha. Estavam excluídos os que combateram
em Barcelona o que eliminava qualquer possibilidade a Benet Romaguera Colomer.
Todos os amnistiados, eram examinados pela Junta de Dependencia de
Extrañados y Desterrados que assegurava não serem pessoas que tinham
participado na resistência de Barcelona. Existiu um carácter político vexatório
que afastou o regresso de muitos exilados. Na realidade Filipe V, marcado pelo
Absolutismo Real resistiu ao restabelecimento das Instituições e Leis próprias
dos Estados da Coroa de Aragão representativas de uma sociedade plural em que o
Rei é um árbitro de vontades, um condutor de anseios colectivos, aquilo que faz
perdurar a Monarquia como uma mais valia até ao presente.
Os Decretos da denominada Nova Planta na Coroa,
promulgados por Filipe V após a sua vitória, impuseram uma organização
político-administrativa até aí desconhecida dos aragoneses e catalães. No
primeiro dos Decretos em que a linguagem de "direito de conquista” não foi
eliminado, são abolidos os antigos foros próprios dos reinos e condados da
Coroa de Aragão. O uso do castelhano como língua administrativa torna-se
obrigatório seguindo o modelo centralista francês. O Quarto Decreto, específico
para ser aplicado na Catalunha, datado de 9 de Outubro de 1715 e que entrou em
vigor em 1716, abolia a Generalitat de Catalunha, as Cortes Catalãs, o
Conselho de Cento. O vice-rei era substituído por um capitão-general e a Catalunha
dividida em corregedorias como em Castela ao invés das tradicionais veguerias.
As milícias populares catalãs, os somaténs, extintos. Foi reintroduzido
o conceito de Principado da Catalunha que nunca se popularizou. Das 6
universidades existentes manteve-se apenas uma em Cervera, Lérida, aberta.
Está
muito pouco estudada, na disputa dinástica pelo Reino de Espanha, a fixação de
austracistas em Portugal. A realizada por João Trigueiros é uma excepção
relevante.
Sobre a participação portuguesa muito existe para investigar. Vou debruçar-me
sobre um dos portugueses que mais se envolveu na Causa Austracista, acabando
por falecer em Viena e que aqui é relembrado por ter a curiosidade de em Barcelona ter estado alojado
na casa dos tios maternos de Bento Romaguera, facto documentado e que na III
parte deste post será indicado. D. Pedro Manuel de Ataíde (5.º conde Atalaia), tenente-general da cavalaria do Minho participou no
corpo expedicionário que entrou em Madrid e
seguiu depois para a Catalunha. Distinguiu-se na batalha de Almansa. Acabou
comandante-chefe das forças portuguesas na Catalunha e, neste
comando interino, entrou em diversas batalhas pelo que foi louvado pelo Arquiduque Carlos da Áustria e pelo marechal Schomberg. Foi-lhe concedida honras de
Grande de Espanha e nomeado vice-rei da Sardenha, general da
cavalaria de Nápoles governador de Castelnuovo na mesma cidade. Casado com uma filha dos 1.º Marqueses de Alegrete, D. Margarida Coutinho
Teles da Silva, de quem teve um filho que tendo servido como capitão na
cavalaria catalã viria a morrer prematuramente, avançando-se a hipótese de
assassinato, não deixando geração directa legitimada. Por essa razão o 6º conde
da Atalaia e 1º Marquês de Tancos veio a ser, em Portugal, um seu irmão D. João Manuel de Noronha.
II
Contextualização da figura de Benet (Bento)
Romaguera
Bento Romaguera Colomer deve ter nascido
em Barcelona no final da década de 80 do século XVII, deduzindo que se sabe que
seus pais, Juan de Romaguera e Paula Colomer, naturais dessa
cidade aí casaram em 1687. Sem grande margem de erro o ano deve ter sido entre
1688 e 1690. A
reforçar estas hipóteses está o conhecimento que em 1709 era Alferes
de Cavalaria. Bento Romaguera para ter nascido a partir
de 1690 tinha de realizar o prodígio de ser oficial de carreira na Arma de Cavalaria
com ou menos de 19 anos.
A sua carreira militar inicia-se em plena Guerra da Sucessão de
Espanha (1702/1714). Como se verá em enquadramento socioeconómico e político
dos seus ascendentes (Parte III), o facto de Bento Romaguera ter tomado partido
pela Causa Austracista deve ser encarada como uma opção natural inscrita dentro
de uma família enraizada nas estruturas autonomistas da cidade de Barcelona, integradas
na tradição aragonesa e consentidas numa Espanha multiregional, multinacional e
multicontinental.
Sabemos que Bento Romeguera, Alferes de Cavalaria em 1709 na
Companhia de Dom Francisco Sala y Sasala integrada no Regimento do Coronel Filipe
de Sobias, é nomeado Sargento Maior do Regimento do General Gaspar Fernández de
Córdoba, Bazán y Alagon (Córdoba de Comares), denominado Regiment de
cavalleria nº12 "Aragón/Córdoba de l'Exèrcit Reial de Carles III) ", em 12 de Maio de 1710. Assim atesta o
Barão Don Pio de Ravizza do Conselho da Fazenda de Sua Majestade, Vedor General
do Exercito “Certifico que al Alferes Dom Benito Romaguera y Columer que lo
era com exercício de la Compañia de Don Francisco Sala y Sasala del Regimento
de cavallaria del Coronel Dom Felippe de Sobias. Se le à formado
asiento oy dia de la fecha com el empleo de Alferes vivo en la del Sargento mayor
del Regimento del General Dom Gaspare de Cordova y Alagon en virtud de
Nombramento de dicho General y Decreto, que para Su Complemiento dio el General
Comendante de las Tropas de su Magestad Conde de la Corzana, y para que conste
en donde convenga doy la presente firmada de mi mano, y Sellada Con el Sello de
mis armas. Barzelona
doze de Mayo de mil Sete cientos y diez anos –Assignado- El Baron Don Pio de
Ravizza – Lugar do Sello das armas” Fonte: (Fonte: Registo na Secretaria de Guerra,
folha 311, 02.12.1730, republicada Conselho de Guerra Vol. V Maço nº119, pp. 96
e 97, 1760 e processo na integra, Pub. IN, Lisboa, 1878).
Para ocupar o lugar do Regimento de Cavalaria nº 12, que se
extingue em 1713 reflectindo a decadência e provável derrota da Causa Austracista,
Sebastian Dalmau e Oller, com os efectivos sobreviventes que quiseram se manter
fieis ao Arquiduque, cria o Regimento de Cavalaria nº 2 "La Fe" que
com segurança sabemos que Bento Romeguera Colomer integrou: “Regiment de
cavalleria de l'Exèrcit de Catalunya alçat a començaments de juliol-1713 a Barcelona després de
la Traïció Anglesa (Pau d'Utrecht). Sota l'advocació de la "Santa
Fe", la unitat va ser reclutada, ensinistrada, equipada, armada i
finançada íntegrament pel Coronel Sebastià de Dalmau i Oller, veterà de la
guerra que serví, probablement, en el Regiment de Cavalleria nº1 "Dragons
del Rei" de l'Exèrcit Reial de Carles III. El Coronel Dalmau va voler
alçar una unitat potent i va reclutar el màxim possible de veterans dels regiments
de cavalleria de l'Exèrcit Reial, principalment els aguerrits aragonesos; els
dos subalterns del Coronel Dalmau eren el Tinent Coronel Buenaventura de Cavero
i el Sergent Major Cayteano Antillón, ambdós procedents de l'evacuat Regiment
de Cavalleria nº12 "Aragón" de l'Exèrcit Reial de Carles III”.
Estandarte do "Regimient La fe" (1713/1714)
No mês de Julho de 1713, após a evacuação de todas as forças que
se mantinham fiéis ao Arquiduque Carlos III para Barcelona, Bento Romeguera
integra o que resta dos regimentos imperiais de cavalaria na unidade criada
pelo coronel Sebastian Dalmau e Oller, sobre a divisa da “Santa Fé”. Ao todo
são criados seis Regimentos de Cavalaria - nº1 "Rafael Nebot", nº2
"La Fe"; nº3 "Sant Jordi; nº4 "Dragons de Sant
Miquel"; nº5 "Sant Jaume" e nº6 "Pere de Bricfeus",
contra 12 que existiram entre 1706 e 1707.
Durante o cerco de Barcelona combate na defesa da cidade no
"Regimient d'En Sebastià Dalmau/La Fe" (1713-1714), unidade de
cavalaria com grande parte dos seus membros procedentes do Regimento de
Cavalaria nº 12 de Aragão (Regiment de Cavalleria nº12 "Aragón" de
l'Exèrcit Reial de Carles III) que durou de 1706 a 1713. Esta unidade
vai sendo dizimada e no final do cerco já não existe de forma autónoma.
Politicamente o combate austracista deixa de fazer sentido, o peso das pretensões
independentistas de Barcelona assente num modelo de tipo genovês ou veneziano
tomam força. As deserções austracistas tornam-se numerosas. Bento Romaguera abandona
a frente de combate a 2 de Setembro de 1714, no 405 dia de cerco da cidade e a
9 dias antes do fim da resistência citadina. Na linguagem dos que no século XXI
querem crer que a pretensão independentista actual é a continuação deste cerco
a Barcelona, a atitude de Bento (Benet) Romaguera é tratada como de um traidor,
de um refractário, ignorando que o combate austracista não foi catalão independentista
e antimonárquico e que se esgotou com o crescente ambiente revolucionário que
foi tomando a cidade. Na net é possível encontrá-lo tratado nesses termos, em diários que têm a
importância de o referirem e a curiosidade de reflectirem um
período marcado por condenações sumárias
produzidas em “plenários” revolucionário:
(http://www.perabonspatricis.cat/2014/09/67-2-de-setembre-de-1714-dia-405.html); (12.01.15) http://www.diaridesetge.cat/2014/09/2-de-setembre-de-1714-dia-405.html; (12.01.15)
(http://www.perabonspatricis.cat/2014/09/67-2-de-setembre-de-1714-dia-405.html); (12.01.15) http://www.diaridesetge.cat/2014/09/2-de-setembre-de-1714-dia-405.html; (12.01.15)
Bandeiras militares usadas em Portugal quando se exilou Bento Romaguera Colomer |
Quando se instala em Portugal, mais precisamente em Faro, onde
curiosamente “aportuguesou” o nome introduzindo um Silva nos apelidos, Benet (passa
a Bento) Romaguera tenta integrar-se voluntariando-se com a sua experiência no
exército. Não sabemos com uma exactidão absoluta quando chegou a Portugal. Com
segurança sabemos que ele se encontra no Algarve em 1722 como voluntário no exército
português: “Dom João por graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algarves
daquém e dalém mar em África Senhor de Guiné &.o “(…) athé o Rendimento de Barcelona, deonde
veyo para este Reyno, no qual há quasi oito annos que continua meu Servisso,
que buscou voluntariamente e em que deseja empregarse toda a vida (…Por
Rezoluçam de Sua Magestade de quatorze de Novembro de mil Sette centos e trinta
em Consulta de trinta de Agosto do mesmo anno.). Fonte: (Provisão-Registo
na Secretaria de Guerra, folha 311, 02.12.1730, republicada Conselho de
Guerra Vol. V Maço nº119, p 96, 1760 e processo na integra, Pub. IN, Lisboa,
1878). Podemos concluir neste documento proveniente do Conselho de Guerra
que a integração de estrangeiros que se voluntariavam nas forças armadas
portuguesas não era imediata. Na realidade essa integração no Quadro do
Exército português, com o posto de Alferes de Cavalos, ocorre por “Rezoluçam
de Sua Magestade” a 14 de Novembro de 1730 e “Cumprace” a 28.12.1730
em Lagos, na Vedoria Geral da Gente de Guerra deste Reyno do Algarve naquilo
a que se denominava “acomodar-se” e “agregar-se”. Este ano é reconfirmado quando
é elaborado um Requerimento com o objectivo de nomeação como Comandante do
Forte de S. António de Tavira em 1760, já no decurso do Reinado de Dom José I
(1750/1777), e quando possuía uma idade avançada: “passou a este reino donde
vive a muntos anuos, e ofereçendoçe voluntariam.te para se ocupar no real
Serviço, por Rezulusaõ de V. Mag.e foi agregado no mesmo posto de Alferes de
Cavallos, vencendo só meyo Soldo na Comp.a do Coronel do regim.to da Cid.e de
Faro Reyno do Algarve; graça q V. Mag.e foi servida conceder a muntos
estrangeiros: e porq. a trinta annos q. V. Mag.e lhe fés esta m.ce de o mandar
agregar p.a ser acomodado em posto com exerssição, e se lhe não tem dado por
tanto”. Fonte: (Requerimento-Registo
na Secretaria de Guerra, op. cit., pp. 95 e 96).
Fortaleza de Santo António de Tavira, também designado por Forte do Rato ou Forte da Ilha das Lebres, localizado na foz do rio Gilão
A sua origem catalã e o seu envolvimento na guerra de sucessão de Espanha tornam-no numa testemunha viva para outros austracistas exilados em Portugal. É muito interessante este documento a testemunhar esse facto: “Bento Romaguera Colomér, natural do Reino de Catalunha, Capitão de Infantaria e Governador da Fortaleza de Stº Antº de Tavira: “Atesto que em rezão de ter sido Alferes de hum regimento de cavvalaria na guerra de Carlos 3º com Felipe 5º conheci a D. Salvador Augustim pesoa muito destinta do Reino de Valença, e nelle cappitam de cavallos, Senhor de Foyos, e Alcaide mór de Molvedres; o qual D. Salvador Augustin teve hua filha de sua primeyra mulher D. Maria Sorrives Ubal, chamada D.Maria Antónia Augustim, que cazou com Francisco Nunes da Sylva Comissário de mostras que então hera, e com elle se pasou ao Reyno de Portugal; e rezedindo na prouincia de Alenteyo, pasou para este Reyno do Algarve com o ditto seu marido, que veyo a excerser o posto de Vedor Geral do dito Reyno; aonde morreu: o que tudo sendo nesessario juro as Santos Evangelhos Tavira 5 de Setembro de 1765 Bento Romaguera Colomér”. Fonte (TT-FF-PJN, m23 nº1 Lázaro Antº, fl 98).
Na altura da elaboração deste documento, 1765, Bento Romaguera Colomer teria cerca de 75 anos. De momento é difícil apontar uma data para o seu falecimento. Sendo possível desvendar mais aspectos da sua vida e existência, recorrendo ao seu enquadramento familiar, é imperioso socorrermo-nos de mais e diversos dados fundamentados numa contextualização que contemple a sua família.
9 Geração (em relação ao autor do post)
Bento da Silva Romeguera
Colomer (Natural S. M. Maior de Barcelona)
00
Maria Paula Francisca (Vaz
Velho) (Natural S. M. Maior Barcelona)
Alferes de Cavalaria/Alferes de
cavalleria (1709/1713); Capitão de
Regimento de Cavalaria/Capitan Regiment de cavalleria "La Fe"nº2 (1713/1714); Alferes de
Cavalaria integrado na Companhia do Regimento de Infantaria de Faro (1730); Governador
do Forte de S. António de Tavira (1760) (ANTT,
Conselho de Guerra, Decreto, Maço 119, nº 69).
VIII.1 Felícia Maria
Joaquina
VIII.2 Jacinta
VIII.3 João
III
Conjuntura Familiar
Bento
Romeguera nasceu no contexto de uma das famílias mercantis mais abastadas da
cidade de Barcelona. Por linha materna era neto de Joan Colomer, figura
destacada da nobreza mercantil Catalã filho de Antoni Colomer i Puig (1ª
árvore de ascendentes maternos. Este seu avô foi um abastado comerciante e
industrial de panificação em sociedade com Francesc Rós. Seguindo o Archivo Histórico de Protocolos de Barcelona (AHPB), é interessante constata que o seu filho varão, com o
mesmo nome, recebeu em herança 800 dobles/duplas de ouro em propriedades e 100 em
móveis e que os dotes das suas filhas, também, testemunham disponibilidade
económica. A sua filha Josefa recebeu 1.100 II e 2 caixas de roupa. Paula de
quem descendo no 1º casamento com Domingo Galant 1000 II e 2 caixas de roupa,
no 2ºcasamento com o meu 10º antepassado, Juan de Romaguera, 151 II em roupa.
Gestrudes recebeu o equivalente a 400 duplas de peles. (Fonte AHPB Cap. Matrim.
(1663/1675);(1683/1687).
(1ª Árvore de Ascendentes
maternos)
12 Geração (Avós Materno de Benet Romaguera, 12º antepassados em
relação ao autor do post)
XII.1 Antoni Colomer i Puig (1589/1632)
00
?????
XI.1 Joan/Juan Colomer
XI.2 (um outro filho ??)
11 Geração
XI.1 Joan/Juan Colomer (?????/1680)
00
?????
Nobreza
Mercantil Catalã (Abastado comerciante e industrial de panificação com sociedade
com Francesc Rós)
X.1
Joan Colomer, industrial da panificação, proprietário urbano, Membro do Estament
dels Mercaders (1693), Conseller Quart (1695/1711) 00 Teresa Isern i
Rafart, filha de Pedro (Pere) di Isern (FCA).
X.2 Josefa Colomer 00 Arnold
de Jager, Cônsul e comerciante Holandês importador de trigo.
X.3 Paula Colomer 00 Juan de Romaguera, Capitão
de Infantaria (pais de Benet/Bento Romaguera Colomer)
X.4 Gestrudes Colomer 00 Francisco Roig, Médico Cirurgião
Em
Barcelona a pertença ao Estament dels Mercaders estava reservada às profissões comerciais por
grosso (incluindo armadores e proprietários urbanos dos grandes armazéns e
oficinas), os banqueiros (incluíam os “corretores de ouvido”). Os seus membros possuíam poderes e direitos políticos que
remontavam a 1283. A
posição dos comerciantes aumentou muito em 1455 com uma reforma em que o Conselho
dos Cem/ Consell de Cent passou a conceder 32 lugares a membros do Estament
dels Mercaders e o terceiro lugar de Vereador que depois
recuou para quarto lugar na Cidade era ocupada, também, por um seu membro.
Sabemos que o tio de Benet Romaguera, Joan Colomer, foi Conseller Quart entre
(1695/1711). O Conselho de Registro, fundado no século XVI, só
composta por membros do Estament dels Mercaders, mercadores
independentes que excluíam os lojistas dependentes, a partir do século XVII
começa a conceder titulações abrindo caminho a uma Nobreza Civil Mercantil
que se vai socialmente impor numa prática semelhante ao que ocorria em Génova,
Veneza ou Amesterdão.
Por
via de casamentos de irmãos de sua mãe a proeminência familiar afirmou-se (1ª
árvore de ascendentes maternos). O seu tio Joan Colomer, único na linha
masculina, tinha uma importância económica primordial em Barcelona, tendo
aderido à causa austracista com grande militância e ocupado diversos cargos
administrativos e políticos. Em 1693 é nomeado membro do Estament dels Mercaders
e entre 1695 e 1711 ocupa o prestigiado lugar de Conseller Quart : “El fill de Joan, també de nom Joan, fou
flequer com el pare, però s´introdui en el sector dels arrendaments públics amb
els quals sénriqui el 1693 entra en l`estament dels mercaders i entre
1695 i el 1711 és Conseller Quart”. Fonte primária Benet d´OLIVA RICÓS
(2001) i (2007), transcrita em fonte secundária na tese de Doutoramento de
RICCI, Andrea (2013), Narcís Feliu de La Penya (1646/1712) i el seu
temps, Universitat Autónoma de Barcelona (UAB) p.146. Esta tese em História
Comparada, Política e Social, Séculos XVII-XX é possível de consulta integral
na net pelo que é indicado aqui o indereço - http://www.tdx.cat/bitstream/handle/10803/125652/ar1de1.pdf?sequence=1
(02.04.2015). A
obra de Benet d´Oliva Ricós (2001), La
generació de Feliu de la Penya: burgesia mercantil i guerra de successió entre
el Maresme i Barcelona, Universidad
de Lleida, pode ser adquirida na net.
Tem
relevância, para interpretar as razões que levam Benet Romaguera a escolher
Portugal para se exilar, saber-se que o Comando militar português do Arquiduque
se instalou na residência de Joan Colomer de Barcelona e que, profissionalmente,
foi um fornecedor de mantimentos do exército português estacionado na Catalunha:”Faço
Saber que esta minha Privizam virem, que tendo concideraçam a me reprezentar
por Sua petiçam Bento Romaguera, e Columer Catelam de nasçam, filho do Capitam
Dom João Romaguera, e Sobrinho de Dom João Columer que o Ditto Seu Thio me
Sérvio com muito zelo, e amor de Assentista das Tropas que militaram em Valença,
e Catalunha; e em Barcelona adonde tinha a Caza a emprestrou voluntariamente
para acomodaçam do Governador das Armas o Marquêz das Minnas, e do Mestre de
Campo General o Conde de Attalaya e que Servindo elle Supplicante em as Guerras
próximas passadas nas Tropas do Emperador emtam Rey Catholico…” (Fonte:
Registo na Secretaria de Guerra, op. cit., p. 96).
O
seu tio Joan Colomer casou com Teresa Isern i Rafart, filha de Pedro (Pere) di
Isern, Cavaleiro Fidalgo proveniente de uma família aristocrática aragonesa e
catalã. Não querendo ser enfadonho terei de desenvolver um pouco mais sobre o
relacionamento da família Colomer com a Isern, por forma a
explicar que este casamento entre o tio de sangue de Benet Romaguera, Joan
Colomer, com a sua tia Teresa Isern i Rafart, teve repercussões sociais,
económicas e políticas que extravasam este simples matrimónio. Para explicar
esta questão tenho de remontar ao sogro de Joan/Juan Colomer.
Pedro
Isern (1628/1701), num sistema de representação familiar e patrimonial que
remontava ao século XIV e onde a varonia era uma constante a preservar, apesar
de ter casado três vezes, uma primeira com uma Teresa Rafart em que só tem
descendência feminina, uma segunda com uma senhora de nome Eulália sem
descendência e uma terceira com Anna-Maria Parrella e Archs de quem tem uma
filha, não teve um único filho varão. Consciente da preservação patrimonial, do
nome de família, do estatuto social de ser cavaleiro e poder usar armas próprias
elabora um testamento, em 1694, em que são nomeados herdeiros em ordem
universal de primogenitura “toda a criança do sexo masculino nascida
postumamente ou até ao momento de sua morte, e se não tiver herdeiros
instituídos em suas filhas”. Vingou a última situação com uma dispersão
patrimonial que não deixou de beneficiar a sua filha mais velha Maria Coll e
Isern que herdou a representação da Casa familiar, casada com Miquel Coll
Fontanet rico fazendeiro e cidadão honrado de Barcelona. Este casal não tendo,
também, filhos varões, fez recair a representação familiar na sua filha Maria
Coll i Fontanet i d'Isern casada com Salvador Feliu de la Penya, destacado
nacionalista catalão que tomou partido por Carlos III de Áustria contra a linha
Bourbon de Filipe V.
A
segunda filha herdeira de Pedro Isern (1628/1701) foi Geronima Verivol e Isern
casada Joan Verivol, rico fazendeiro, no bairro de Cabrils, importante
financeiro sócio da Companhia Nova de Gibaltar. A terceira, Teresa Isern i
Rafart, casou com Joan Colomer, Comerciante e Industrial de panificação, cidadão
de Barcelona tio direito de Benet Romaguera. É extremamente interessante que
por esta via existiu uma proximidade familiar real com Salvador Feliu de la
Penya, figura central da resistência austracista em Barcelona. Grande parte da
riqueza de Joan Colomer para além de provir dos seus pais, da sua própria
gestão patrimonial viu-se acrescentada pela que chegou por via de sua mulher e
explica a situação de privilégio em que vivia e permitiu receber em sua casa
parte da mais importante aristocracia portuguesa e ser fornecedor da presença
militar de Dom João V de Portugal (Fontes:
Desenvolvida e sintética sobre Salvador Feliu de la Penya file:///C:/Users/JPE/Downloads/113340-141171-1-PB%20(3).pdf;
http://es.wikipedia.org/wiki/Salvador_Feliu_de_la_Pe%C3%B1a).
Existiram
mais duas filhas herdeiras de Pedro Isern
(1628/1701), a última do 3º casamento, sem descendência. O Convento dos
Descalços Trinitários, administradores do Hospital Geral de Santa Cruz, obtiveram diversas doações.
O seu
tio por afinidade, Arnold de Jager casado com a irmã de sua mãe Josefa Colomer,
foi Cônsul dos Países Baixos e um dos principais mercadores holandeses sediados
em Barcelona. Esteve no centro de um dos acontecimentos que mais pesaram na
tomada de partido austracista de muitos barceloneses. Quando decorria um
impasse nas Cortes Catalãs convocadas por Filipe V (1701/02), onde era evidente
a desconfiança e reserva para com o pretendente a Soberano inicia-se a Guerra
de Sucessão de Espanha. Filipe V retira-se de Barcelona, a 8 de Abril de 1702,
fixando-se no Reino de Nápoles mas deixando um contingente militar e um
Vice-Rei representando a sua Causa. Os conflitos não tardaram e o que ocorreu
com o tio de Bento Romaguera Colomer vai ser o que terá mais repercussões. Em
Outubro de 1702, por motivo de ser holandês e as Províncias Unidas formarem
parte da coligação anti-bourbónica, Arnold de Jager residente desde 1661 em
Barcelona e a sua família mais próxima têm ordem de expulsão. A Conferência de «los
Tres Comunes» composta pela Diputación del General de Cataluña, o Consejo
de Ciento de Barcelona e o Brazo militar de Cataluña, apoiada numa petição
do Tribunal de Contrafacções pronuncia-se que a decisão violava as disposições
constitucionais catalãs. Perante o alastramento de apoios a Arnold de Jager, o
ainda pretendente a Rei de Espanha de Itália revoga o desterro. Estava
instaurada a impopularidade de Filipe V e o sucesso que as Cortes instauradas
pelo Arquiduque Carlos III teriam (1705/1706), após a expulsão da presença
militar de Filipe V de Barcelona em menos de dois meses (22 de Agosto a 14 de
Outubro de 1705). Certamente que este episódio político, mas em termos
familiares no meu 9º antepassado vividos de forma particular, terão pesado na
sua adesão incondicional à Causa Austracista. A sua tia Gestrudes Colomer casou
com Francisco Roig, médico cirurgião com o estatuto social de nobreza de toga
urbana.
A
sua mãe Paula Colomer manteve este estatuto de nobreza civil urbana da família
ao casar com Juan de Romaguera, Capitão de Infantaria que irá participar na
gestão patrimonial de sua mulher. Ambos faleceram com testamentos (Fonte:
Juan de Romaguera Archivo Histórico de
Protocolos de Barcelona (AHPB); f.136v-138v, 24- IV-1691), bem como Paula Colomer (AHPB); f. 191v-192v,
18-XII-1696). Um dado curioso é que se sabe que Paula Colomer quando casou com Juan
de Romaguera era viúva de Domingo Galant, falecido com testamento (Fonte: (AHPB);
f.136v-138v, 14-XII-1684).
Bento
Romaguera Colomer casou com Maria Paula Francisca Vaz Velho que sendo natural
de Barcelona o seu pai e avós paternos eram portugueses, todos algarvios. O avô
e pai de Tavira, a avó de Castro Marim (2ª árvore de ascendentes da mulher).
Os avós em idade avançada e com filhos nascidos no Algarve ou somente o
pai, mas neste caso bastante novo, devem ter emigrado para Barcelona. No caso
dos avôs em período de Unidade Peninsular. Somente o pai levantando a dúvida de
ter apanhado um período conflituoso na Catalunha não propício a fenómenos
migratórios. Refiro-me à insurreição começada em 1640 e somente terminada em 1659.
Com certeza sabemos que o sogro de Bento Romaguera Colomer, algarvio, casou em
Barcelona com Rosa Maria Baron/Baram Colomé/Colomer, natural dessa cidade. Dos
quatro filhos que vão ter os dois mais velhos nascem em Barcelona, mas os
restantes em Portugal. Seguir historicamente a família de Maria Paula Francisca
Vaz Velho (Colomer) é fundamental para se explicar o duplo exílio austracista
dos seus pais e marido.
Na
realidade o pai, Manuel Vaz Velho, um proeminente Metre de pastelaria e
de cozinha, que desempenhará responsabilidades profissionais na Corte do Arquiduque
Carlos III em Barcelona (1705/1711), na impossibilidade de continuar a exercer
a sua profissão neste contexto proeminente e com a degradação política e
económica subsequente deve ter sido tentado a emigrar. Facto que se concretizou
e sabemos que em Portugal, começando por servir na Casa dos Condes de Redondo e
acabando por chegar à Corte de Dom João V. Os Condes de Redondo representavam uma
das famílias mais próximas da Coroa, com importantes funções e prerrogativas. Digo
esta aparente banalidade para recordar que coube ao 11º Conde de Redondo, D.
Tomé de Sousa Coutinho Castelo-Branco e Menezes, receber em sua casa Dona
Catarina de Bragança (1638/1705), quando enviuvou de Carlos II de Inglaterra em
1692, trinta anos após um casamento em que não ouve descendência e que terminou
com o seu regresso a Portugal. Deambulando por diversas residências da mais
influente aristocracia da altura, após passar pelas casas do Conde de Redondo,
do de Soure e do de Aveiras, construiu o seu próprio palácio da Bemposta/Campo
Real. Neste palácio recebeu o Arquiduque Carlos III, em 1701, e exerceu
Regência quando o seu irmão Dom Pedro II, precisamente com o Arquiduque e em 1704, a partir da Beira dá
início à guerra da sucessão de Espanha.
Manuel Vaz Velho neste período
encontra-se em Barcelona e ainda não pertence aos serviçais do Arquiduque que,
como já referi só pode ter decorrido no período de (1705/1711). Tenho dúvidas, “quanto
ao ter servido o Conde de Redondo”, se terá sido o 11º no final da sua
vida, porque falecido em 1717, se o 12º D. Fernando de Sousa Coutinho
Castelo-Branco e Menezes ou, até ambos, antes de integrar a Casa Real.
O
que é absolutamente notável no prestígio profissional de Manuel Vaz Velho, desenvolvido
na proximidade directa da Casa Real, é que o mesmo foi aproveitado na condução
e formação dos seus filhos que, rapidamente, atingem um estatuto social
alicerçado em actividades profissionais e património que conduzem em Tavira a
constituírem uma das famílias mais importantes da segunda metade do século
XVIII.
(2ª Árvore de Ascendentes de Maria Paula Francisca Vaz Velho)
11 Geração Paterna
Domingos Dias Velho (Natural
F. da Conceição de Tavira)
00
Barbara Raposa (F. N S dos
M de Castro Marim/????)
10 Geração Paterna
Manuel Vaz Velho (Natural F. da Conceição de Tavira)
Cozinheiro
do Arquiduque Carlos III, do Conde Redondo e, por último, da Casa Real
Portuguesa
|
11 Geração Materna
Caetano
Baron (Barão) (Natural Barcelona)
00
Matilde
Colomer (Natural S M do Mar Barcelona)
10 Geração Materna
Rosa Maria
(Baram Colomé) (Natural S M do Mar Barcelona)
|
IX.1 Caetano Vaz Velho.
IX.2 Maria Paula Francisca Vaz Velho ( N. Barcelona) 00 Bento da
Silva Romeguera (meus antepassados).
IX.3
Manuel Vaz Velho (1720/1794) 00 (D.) Rita Maria Pereira. Cavaleiro
da Ordem de Cristo (COC), Almoxarife, Meirinho de Serventia da Alfândega de
Tavira e possuidor da doação da Serra de Tavira. Construiu a casa senhorial da
família Vaz Velho conhecida como a “Casa da BelaFria”, em Tavira (http://www.patrimonius.net/detalhes.php?i=2089.
Deve-se na Família, a um seu neto com o nome do seu tio Sacerdote, António José
Vaz Velho (1771/1860), a Carta de Armas (CA) Vaz Velho ("Autuação de
huma petição, Setença e Documento de António José Vaz Velho, para haver de se
lhe passar Brazão de Armas", “Foi-lhe passado carta de brasão de
armas (um escudo partido em pala; na primeira as armas dos Velhos, e na segunda
as dos Vazes)-Lisboa, 1816 (Registo dos Brazões de Armas da Nobreza, Liv.7.
A.N.T.T) e Archivo Heraldico-Genealogico do Visconde Sanches Baena, Vol.
I, p.64). No posto de major fez parte do corpo de exército que, sob o comando
do Conde de Castro Marim, se organizou no Algarve após a expulsão dos franceses
em 1808. Como brigadeiro serviu o exército de Dom Miguel I, tendo assistido à
Convenção de Évora-Monte. Foi Cavaleiro da Ordem de Avis (COA) e CFCR (Mordomia
da Casa Real, Liv11,fls 25,Rolo 1419 e Mordomia da Casa Real, Liv. 25, Rolo 1423, A .N.T.T). Recolhido
na sua casa da BelaFria, após a Convenção de Évora-Monte, dedicou-se a
rever e melhorar os seus trabalhos heráldicos, primeiramente apresentados em
1820, que viriam a ser reunidos na segunda metade do século XX, numa edição
(1958/1963) em 4 vols. Intitulada Tesouro Heráldico de Portugal e que
respeita o seu Autor, da responsabilidade do Gabinete de Estudos Heráldicos
e Genealógicos de Lisboa, em que estiveram envolvidos o Capitão Gastão de
Mello de Matos, o Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas, Manuel Rosado
Marques de Camões e Vasconcellos, Joaquim Trigueiros de Aragão e Luís Stubbs
Saldanha Monteiro Bandeira. As ilustrações foram da responsabilidade de José de
Sepúlveda Velloso, J. R. Bértholo e José Mendes. A apresentação da obra ficou a
cabo do Presidente do Instituto Português de Heráldica, Marquês de São
Payo. António José Vaz Velho (1771/1860)
teve um irmão eclesiástico que desenvolveu carreira universitária como Lente de
Teologia na UC, foi cónego magistral na Sé de Évora e Deputado pelo Algarve nas
Cortes de 1821.
IX.4
António José Vaz Velho, Cavaleiro da Ordem de Cristo (COC), Capelão Del Rei,
Presbítero do Hábito de S. Pedro.
No Blog indispensável para um conhecimento e confirmação relativa a matérias, assuntos e acontecimentos do Algarve é possível cartograficamente, numa associação rigorosa da geografia e da História, localizar a Casa Apalaçada dos Vaz Velhos em Tavira (Fonte: http://imprompto.blogspot.pt/search/label/Tavira05.05.2015))
Sistematização dos elementos arquitectónicos identificados
- Convento das Bernardas
- Igreja de S. Sebastião
- Convento de S. Francisco
- Castelo
- Igreja de Santa Maria
- Convento da Graça
- Torre Norte da Cerca da Graça (muralha medieval almóada)
- Igreja de S. Roque
- Casa de Vaz Velho
- Pelames
- Torre manuelina da porta da Bela Fria
- Barbacã manuelina
- Palácio da Galeria
- Torre e Porta do Mar
- Praça da Ribeira
- Alfândega: edifícios e terreiro
- Horta do Rei e Horta do Bispo
- Edifícios singulares
- Ponte
- Igreja de S. Lázaro
- Porta Nova
- Igreja da Sra. da Ajuda e Convento de S. Paulo
- Largo da Alagoa
- Igreja de Sant'Ana
- Rua Direita do Corpo Santo
- Rua do Sapal
- Estrada para Castro Marim (Carreira de S. Lázaro)
- Rua da Porta Nova
- Estrada do Cano para Faro
- Rua do Sapal de Sant'Ana. Caminho para Vale Formoso
- Rua do Alto do Cano e estrada de Loulé
- Rua da Praia da Ribeira (Porto de Tavira)
- Adro da Porta da Vila
- Largo/Terreiro da Corredouras
- Torre do canto Noroeste da cerca da Graça
Tipos de elementos
A Casas conventuais
B Igrejas e ermidas
C Fortificações medievais: castelo e muralhas
D Portas e cercas fiscais pós-medievais
F Casas particulares notáveis
G Hortas e campos agrícolas
H Largos e Terreiros
I Edifícios de comércio e administração local
J Edifícios de manufacturas (curtumes)
K Eixos de arruamentos e limites de largos
O sobredimensionamento
O sobredimensionamento referido atribui um estilo "maneirista" á gravura, em que o desenhador aumenta selectivamente os principais símbolos urbanísticos de prestígio da povoação: a ponte, que é o ex-libris da cidade, e a fortificação medieval, cujo valor é porém meramente simbólico visto ser já completamente anacrónica na época.
Não
é objectivo de investigação debruçar-me sobre a família Vaz Velho de
Tavira, muito menos elaborar uma pesquisa genealógica sobre a mesma. Aliás isso
seria válido para outras famílias que cedo se cruzaram com os Vaz Velho
como a Inglez em Tavira e a Sanches de Faro, por sua vez
entroncadas e cruzadas com outras Famílias Históricas do Reino do Algarve
(FHRA) como os Rebelos, Jaques e Coelhos Vieiras de
Lagos, os Freitas d`a Magdalena do Mar
da Madeira, os Mouratos de Moncarapacho, Lopes Tavares e Banha de Siqueira
de Tanger, os Ribeiros de Gouveia de Portimão ou os Gouveia Mendonça
Pessanha de Tavira. Importante é que ao imperar o apelido da mulher na
família, o apelido Romaguera Colomer perdeu-se e durante várias gerações
a sua existência, mas sobretudo a sua origem segura, e porque razão surge em
Portugal, eram um mistério com muito por entender. Uma vez que entramos numa
reflexão em que a genealogia é disciplina fundamental de averiguação e
explicação, desafio a se investigar a quase certa situação de parentesco entre Bento
Romeguera Colomer e a sua mulher. Maria Paula Francisca Vaz Velho era filha de
uma Rosa Maria Baram Colomer e neta materna de uma Matilde Colomer. Neste
sentido todos os Vaz Velhos de Tavira são “Colomeres”, mas os que descendem de
Maria Paula Francisca (Baram Colomer) Vaz Velho e de Bento da Silva Romaguera
Colomer o são duplamente.
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