Apetece-me falar de Whitney Houston (1963/2012) por motivos mais filosóficos que musicais. Todos conheciam o sucesso comercial dos anos 80 e 90 do século XX. Pouca gente pode dizer que frequentou espaços lúdicos sem tropeçar na sua música. Lamentável, como tantas vezes acontece, é que o seu álbum de maturidade surgido em 2009 - I Look to You - tenha passado desapercebido. Nele existem duas músicas notáveis que sintetizam um percurso de vida. Numa é preponderante a vontade em lutar individualmente e solitariamente, noutra impossível levar tal tarefa sem procurar apoio. Em comum o desabafo genial, musicalmente fabuloso, de uma mulher em balanço de vida, nos quarenta, sem grande ilusões sobre o mundo e os seus habitantes racionais.
Maturidade que é despegarmos e despojarmos os contactos humanos onde abundam criaturas que construímos de uma forma fictícia, produto da nossa imaginação ou de um contacto que não foi totalmente leal:
"Será melhor deixar os homens por aquilo que são, que tomá-los por aquilo que não são". Nicolas Chamfort /1740/1794)
Impossível viver sem amizade, por difícil que seja encontrá-la. Consciência da sua raridade e singularidade.
" Um outro refúgio para acusações de anormalidade é a amizade, sendo um amigo, entre outras coisas, alguém suficientemente bondoso para ter em consideração uma maior parte de nós do que qualquer outra pessoa". Alain de Botton
Sem comentários:
Enviar um comentário