Maurits Cornelis Escher (1898/1972) -Gravura de 1948
Cansado de viver num País que conheceu o pior do socialismo e do liberalismo, embriagado com a apropriação dos bens patrimoniais pessoais e o estímulo ao consumo individualista imediato, bem me apetece recordar João Morais Barbosa (1945/1991). Aprisionado a uma carga fiscal que não me permite tornar economicamente autónomo como pessoa, sou obrigado a endividar-me, a consumir mesmo não querendo e não precisando, com o objectivo de satisfazer projectos especulativos individualistas de concentração de capital rápido. Daí, da forma absurda e misteriosa surgirem “fortunas”, conceito que tem muito que se lhe diga e que por si só tem merecido tratados específicos em filosofia. O condicionamento e a manipulação são a tónica num sistema repressivo da liberdade humana que, sadicamente, repete ser seu interprete e garante. é necessário reaprender formas institucionalistas consistentes que se oponham, simultaneamente, ao colectivismo e ao individualismo.
“Contra esta clara afirmação da pessoa e da liberdade se erguem as ideologias contemporâneas. Umas, de teor colectivista, negando a pessoa e colocando no seu lugar o grupo, a classe, a sociedade. Outras, de teor individualista, reduzindo a pessoa a simples indivíduo, número unitário numa totalidade social. Ambas, coisificando a liberdade, degradando-a ao estatuto de objecto possuído pelo homem, assim desprovido da sua peculiar natureza”(…) “Os colectivismos em que assentam as teorias políticas estatizantes, outorgarão ao Estado o direito de regulamentar as liberdades, o que equivale a domesticar as pessoas. Os individualismos, por meio de uma acção redutora que identificará a pessoa com a sua intimidade, separada esta de não menos radical dimensão de transcendência, isentarão os indivíduos do dever de solidariedade humana: a liberdade será então algo de possuído por este e por aquele, um instrumento igualmente coisificado para a satisfação dos interesses individuais”.
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