Começa a ser interessante reflectir sobre a implosão da III República. Com paciência, desapaixonada, abordar a questão apoiado num conjunto de evidências acaba por ser uma tarefa mentalmente salutar para compreender uma sociedade desorientada, desafortunada, habitando no formalmente ainda designado Portugal (anedoticamente tratado, constitucionalmente, como Estado Soberano).
Mergulhar em tão vil destino tem um consolo. É penoso agora para os que estão vivos e não podem fugir. Em qualquer abordagem séria, ocorrida nas ciências sociais, sabe-se que o calvário -partindo do perfil demográfico que Portugal apresenta a 5 de Outubro de 2012- não vai durar mais II séculos. Desde 2007 o número dos que morrem é superior aos que nascem, a partir de 2011 o saldo migratório é negativo de forma sustentável.
Nesta gloriosa data nasceram 264 crianças e morreram 282 pessoas em Portugal. O saldo migratório foi de menos 128 indivíduos. Diariamente habitam menos 146 pessoas. Num ano menos 53 290 deixam de contar no território nacional. Como a população oficial era nesta data de 10 504 130, demorará 196 anos a desaparecerem os presentes e seus desafortunados descendentes.
Por todas estas razões parece-me desajustado estarmos preocupados com o que aí vem a longo prazo porque, antropologicamente falando, está em marcha um etnocídio que toma proporções de genocídio. O pior é o saque, a pilhagem, o mau trato, a chantagem imediata que a cleptocracia partidocrática surgida nestas últimas quatro décadas vem fazendo e se prepara para amplificar sobre o património material e imaterial do povo português. Vou rever o "Tiranicídio" em S. Tomás de Aquino (1225/1274) e seus brilhantes discípulos.
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