Nestes tempos conturbados de falência dos modelos societários em que temos estado mergulhados, não posso deixar de notar, com curiosidade, que quando Portugal se viu na condição de pedir "ajuda/subordinação" junto da Troika em 2011 - três entidades (duas comunitária e outra monetarista internacionalista/FMI) que além de emprestarem a juros dinheiro têm a missão pedagógica de indicar o que se deve fazer para edificar uma sociedade especulativa capitalista que em linguagem técnica se chama preparada para "voltar aos mercados" - esta era encabeçada por figuras que, décadas atrás, utilizavam os seus recursos mentais a instaurar o comunismo.
No meio destas duas almas gémeas que necessitam uma da outra para sobreviverem -o capitalismo gerou o comunismo, este último recriou as condições para o ressurgimento do primeiro- completando-se no desrespeito pelo papel do trabalho na formação do carácter e realização humana e no que é a formação de riqueza, baseada não na produção mas na especulação, espanta-me como as ideias cooperativistas e corporativistas estão tão ignoradas, subjugadas e silenciadas.
Ambas coabitam no desrespeito pelo património edificado numa narrativa que se demonstra com sustentabilidade e cronologia, desempenhando função social, garante de autonomia e liberdade. No comunismo, estéril em criar riqueza, este é diluído por todos para usado no nivelamento da pobreza. No capitalismo o património, manipulado no seu valor e função, acaba por ser taxado arbitrariamente para cobrir negócios, especulações, evaporações de capitais ou pura pilhagem dos mesmos.
Penso que não é por acaso que medito nas doutrinas da União de Friburgo, na encíclica Rerum Novarum publicada em 1891 no decurso do pontificado do Papa Leão XIII, na comemorativa do seu centenário com João Paulo II (Centesimus Annus) que, sabiamente, manteve sempre as mais públicas reservas pela condenação do convívio e existência humana a estas duas formas exclusivas de organização económica e política.
Durão Barroso desfilando no 1º de Maio de 1975. Um ano de grandes conquistas comunistas.
Dominique Strauss-Kahn em 1981, após ter deixado de ser dirigente das juventudes comunistas francesas em 1976, quando se iniciava numa carreira fulgurante no Partido Socialista francês.
Angela Merkel nos tempos de dirigente Freie Deutsche Jugend (FDJ), juventudes comunistas da RDA e Secretária do Agitrop (Agitação e Propaganda).
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